Foto: Iago Nascimento
O cenário político acreano segue agitado e os temas que dominam a agenda desta semana foram pauta nesta sexta-feira, 20, no programa Boa Conversa, com comentários dos jornalistas Astério Moreira, Luís Carlos Moreira Jorge, o Crica, e do apresentador Marcos Vinícius.
Um dos assuntos que gerou comentários no programa foi a possibilidade de o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, disputar o Governo do Estado em 2026. Em tom direto, Crica trouxe a fala do próprio prefeito sobre o tema. “Se me chamarem eu vou”, afirmou Bocalom, deixando claro que não descarta a possibilidade.
“As pessoas do Alto Acre sempre perguntam se o Bocalom é candidato ou não, o que ele me disse que se tivesse bem e se as pessoas quisessem, não falou em partidos, foi pro povo e disse que se o povo quiser está à disposição. A avaliação do Marcio é que o Bocalom não deveria deixar a Prefeitura se não houvesse consenso na direita, que se coloca para as eleições de 2026. A lógica de uma campanha eleitoral é totalmente diferente, Bocalom começou com 4%, Jéssica com 90% perdeu, Leila com 60% perdeu e o Chicão também”, afirmou.
“Essa unidade da direita só seria possível se a Mailza recuasse, mas ela não vai. Na verdade, a Mailza escapou de uma armadilha política porque se não houvesse pergunta, os jornalistas iam fazer [sobre o encontro cancelado de Bocalom com Mailza]. Seria uma armadilha perfeita pra ela. Se a Mailza vai ganhar ou não é uma história, ela não tem motivo para largar a candidatura”, avaliou Crica.
Foto: Iago Nascimento
Astério Moreira destacou outro movimento importante nos bastidores políticos: a articulação para a filiação do ex-senador Márcio Bittar ao PL, com direito a visita de Jair Bolsonaro ao Acre, prevista para agosto. “Bolsonaro deve vir ao Acre para a filiação de Bittar em agosto”, adiantou Astério.
Ao analisar a recente declaração de Jorge Viana, que criticou antigas gestões do PT, Crica foi incisivo. “Quem destruiu o PT quer voltar”, citando as palavras do ex-governador que repercutiu no ac24horas. A resposta veio rápida: o presidente do PT no Acre, Cesário Braga, rebateu: “O PT não tem dono”, deixando claro que a legenda vive um processo de discussão interna sobre o futuro.
“Eles se calaram [Cesário e Jorge]. Quando o Jorge falou aquilo é devido aquela mágoa dele com o Carioca, Cesário, Ney Amorim, o aval do irmão, chancelar a candidatura do Ney e a candidatura do Ney acabou com a do Jorge, o Ney na campanha terminou no palanque do Mazinho e do Gladson”, pontuou Crica.
“O pessoal do PT argumenta que o Jorge perdeu não foi porque o Ney era candidato, mas porque ele se tornou muito ausente como o Angelim também do Acre. Na minha opinião, se o Ney não fosse candidato, não era certo que o Jorge ganhasse. O PT está com o Cesário e ele é o único candidato, não tem adversário, não sei se vai apaziguar. O Jorge argumenta pela pretensão de Cesário dele não ficar na presidência”, avaliou Astério Moreira,
Ainda dentro da movimentação petista, antigos líderes da sigla se reuniram para discutir os rumos do partido no estado. O médico Thor Dantas também entrou no debate público e revelou que tem sido sondado para disputar um cargo majoritário nas próximas eleições. “O debate está aberto”, afirmou, ao ser questionado sobre a possibilidade de uma candidatura.
A questão ambiental também esteve em pauta. O ICMBio informou que os donos de gado ilegal na Reserva Chico Mendes vêm sendo notificados desde 2011. Em Brasília, o senador Sérgio Petecão tem buscado uma solução para os conflitos na reserva e se reuniu com o instituto para debater o tema. O ex-secretário da Fazenda, Geraldo Pereira, também se posicionou e defendeu uma redefinição dos limites da reserva.
“Isso só vai se resolver na justiça e é isso mesmo quem entrou com a ação foi o MPF, o juiz deu uma sentença, o pessoal que foi tirado, estão sendo citados desde 2019, quando você vai pra uma Resex, você sabe que não pode criar gado, o ICMBio nessa história foi um peão, o juiz determinou e ponto, essa voz dos pecuaristas, eles querem aumentar, por eles, lajotavam 100%. Essa visita da bancada não vai resolver nada, foi só jogo de cena, a ida do Alan com os parlamentares foi jogo de cena, se não mudar a legislação não vai”, pontuou Crica.
“A reserva tem 930 mil hectares, 90% tá intacta, o que ocorreu é que algumas pessoas, essas ações do ICMBio são dois de pecuaristas, é uma ação que vem da Justiça Federal, não acredito que essa proposta do Geraldo não vai andar”, avaliou Astério Moreira.
“Essa da Resex é só o início, vai se estender na boca do abunã e depois que vai pra região do Juruá, o auê ainda vai crescer”, disse Marcos Venicius.
Foto: Iago Nascimento
No campo administrativo, a gestão municipal de Rio Branco vive novos desdobramentos. Bocalom exonerou Sheila Andrade de um cargo de confiança no gabinete da prefeitura. “O que eu sei é que a Sheila foi leal ao Bocalom, ela seria candidata a vereadora pelo União Brasil quando foi uma semana antes, disseram que se ela não for candidata pelo PL, ela ia ficar fora e o marido também. Sobre essa demissão, é que mostraram pro prefeito ela presente numa reunião com o movimento social que não estiveram com o candidato do Bocalom e ele não gostou e demitiu ela”, disse Crica.
“A Sheila tava muito bocuda e tava reclamando demais, isso teria chegado ao prefeito e o Bocalom tem a cartilha dele. Então, esse teria sido o motivo e chama a situação porque ela foi cotada até para ser vice de Bocalom”, revelou Marcos Venicius.
Além disso, o vereador Joabe Lira anunciou que vai notificar oficialmente a prefeitura pela falta de respostas aos requerimentos enviados pelo Legislativo.
“Ele tá doido pra pegar um carão do Bocalom por essa notificação, a situação financeira da Câmara só se resolve com suplementação e o Bocalom pra meter a mão no bolso é uma luta”, afirmou Crica.
Por fim, a mobilização dos trabalhadores da saúde também foi assunto no programa. Servidores cobram valorização do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) e prometem novas mobilizações nas próximas semanas.
“Eles cobram do Pascoal uma solução do PCCR, mas a caneta dele não tem tinta, depende do Governo, esse PCCR parece que enterraram uma cabeça de burro, entra governo, sai governo e não sei. Eu acho que ainda vão continuar empurrando com a barriga”, finalizou Crica.