O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, afirmou que os proprietários do gado apreendido durante a Operação Suçuarana, em curso na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, foram notificados pela primeira vez há mais de uma década. A declaração foi feita durante reunião com o senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que divulgou o encontro em vídeo publicado nas redes sociais.
A operação, iniciada no começo de junho, tem como objetivo retirar gado criado ilegalmente dentro da unidade de conservação federal. Segundo o presidente do ICMBio, as ações não miram pequenos produtores ou famílias extrativistas tradicionais que habitam a reserva.
“Estamos falando de dois casos específicos. Em um deles, a primeira notificação foi feita em 2011. No outro, em 2016. Em ambos, houve várias solicitações para a retirada voluntária do gado. Já são 14 anos desde o primeiro aviso. Essas pessoas não são extrativistas, chegaram depois e ocupam a área de forma irregular”, afirmou Mauro Pires.
O presidente destacou que a Reserva Extrativista Chico Mendes, criada há 35 anos, tem como finalidade proteger o modo de vida das comunidades tradicionais e conservar a floresta. Ele reforçou que atividades como pequena agricultura e criação de poucos animais são permitidas e fazem parte da cultura das famílias extrativistas.
“Não estamos expulsando agricultores ou pequenos produtores. Estamos cumprindo decisões judiciais contra invasores que não pertencem às comunidades tradicionais da reserva”, disse.
Petecão, por sua vez, afirmou que buscou esclarecimentos diante da repercussão da operação no Acre e da circulação de informações falsas.
“Procurei o ICMBio porque vocês estão acompanhando como está a situação da nossa Reserva Chico Mendes. Eu tenho que procurar os órgãos para tentar resolver, para que nós possamos, pelo ou menos, esclarecer a população do que está acontecendo verdadeiramente”, disse o senador.
Ainda segundo Mauro Pires, o ICMBio está à disposição para esclarecer dúvidas e ouvir a comunidade local. Ele reforçou que a missão do órgão é garantir a preservação da floresta e a permanência digna das populações extrativistas na reserva.