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Acre lidera ranking de jovens fora da escola e do mercado de trabalho

O IBGE publicou, no último dia 13 de junho, o módulo sobre Educação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) referente ao ano de 2024. A pesquisa analisa, entre outras questões, o analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais de idade, o nível de instrução e o número médio de anos de estudo da população com 25 anos ou mais, a taxa de escolarização e as taxas ajustadas de frequência escolar líquida, além da condição de estudo e da situação ocupacional de pessoas com idade entre 15 e 29 anos.


No artigo de hoje, traremos os dados referentes ao Acre, comparando, na maioria dos casos, os números de 2016 com os de 2024. Para que o leitor possa fazer uma comparação do desempenho do Acre em termos regionais e nacionais, apresentaremos, em boxes informativos, os valores correspondentes à Região Norte e ao Brasil.


Educação melhora no Acre, mas estado inda registra 64 mil analfabetos


Em 2024, o Acre registrava 64,8 mil pessoas com 15 anos ou mais de idade em condição de analfabetismo, o que correspondia a uma taxa de 9,3% — a menor da série histórica iniciada em 2016. Essa taxa recuou de 12,3%, em 2016, para 9,3%, em 2024.


Taxa de analfabetismo do Norte: 2016: 7,9%; 2024: 6,9% 


Taxa de analfabetismo do Brasil: 2016: 6,7%; 2024: 5,3% 


Mais acreanos concluem educação básica e superior


A proporção de pessoas com 25 anos ou mais de idade que concluíram a educação básica obrigatória no Acre (pelo menos o ensino médio) alcançou 50,6% em 2024 — o maior percentual da série histórica iniciada em 2016, quando era de 40,1%. Já a proporção de pessoas com nível superior completo subiu de 13,4% para 18,8% no mesmo período, também atingindo seu nível mais alto desde o início da série.


Norte: terminaram a educação básica obrigatória: 2016: 41,3%; 2024: 53,4% 


Norte: proporção de pessoas com nível superior completo: 2016: 11%; 2024: 16,7%


Brasil: terminaram a educação básica obrigatória 2016:  46,2%; 2024: 65%


Brasil: proporção de pessoas com nível superior completo: 2016: 19,7%; 2024: 20,5% 


Média de escolaridade no Acre atinge segundo maior nível da série histórica


Em 2024, a média de anos de estudo das pessoas com 15 anos ou mais de idade no Acre chegou a 9,5 anos, a segunda mais alta da série histórica, superada apenas pelo ano de 2022, com 9,6 anos. Em 2016, essa média era de 8,5 anos.


Norte: 2016: 8,8%; 2024: 9,9% 


Brasil: 2016: 9,4%; 2024: 10,2%


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Desigualdade racial e de gênero persiste na escolaridade no Acre


No Acre, a escolaridade média das mulheres com 15 anos ou mais de idade (9,8 anos) continua superior à dos homens (9,2 anos). Pessoas brancas alcançaram uma média de 10,6 anos de estudo, enquanto pessoas pretas ou pardas atingiram 9,3 anos.


Norte total 9,5;  mulheres 10,3 e homens 9,5


Norte: 9,9 brancos 10,7 pretos 9,7


Brasil  total 10,2; mulheres 10,4 e homens 10,0 


Brasil: brancos 11,1  e pretos 9,6


Quase todas as crianças estão na escola, mas jovens ainda ficam de fora


Entre as crianças de 6 a 14 anos de idade, 98% estão na escola — uma taxa ligeiramente inferior à registrada em 2016 (98,2%) e que já se aproxima da universalização. No entanto, entre os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização foi de 90,2%, abaixo do previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).


Norte 6 a 14 anos: 2016: 99,0% ; 2024: 99,0%. De 15 a 17 anos em 2024: 92%


Brasil 6 a 14 anos: 2016: 99,2% ; 2024: 99,5%. De 15 a 17 anos em 2024: 93,4%


Ensino fundamental no Acre perde fôlego e fica abaixo da meta nacional


Em 2024, 93,5% das crianças acreanas de 6 a 14 anos estavam matriculadas no ensino fundamental, etapa escolar ideal para essa faixa etária. Trata-se da menor taxa da série histórica, representando um retrocesso em relação a 2016 (96,6%) e, novamente, ficando abaixo da meta de 95,0% estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE).


Norte: 2016 (96,1%) 2024 (94,3%)


Brasil: 2016 (96,7%) 2024 (94,5%)


Acre lidera ranking de jovens fora da escola e do mercado de trabalho em 2024


Em 2024, no Acre, 30% das pessoas com idade entre 15 e 29 anos não estavam ocupadas, nem estudavam ou se qualificavam. Em 2023, esse percentual era de 31,8% e, em 2019, de 29,6%. Isso representa cerca de 75 mil jovens nessa situação no estado. O Acre apresentou o maior percentual do país, seguido por Alagoas (28,5%), Maranhão (28,4%), Ceará (26,8%) e Paraíba (26,5%). Os menores percentuais foram registrados em Santa Catarina (10,8%), Rio Grande do Sul (13,1%), Paraná (14,1%) e São Paulo (14,2%).


Norte: 2016: 21,8%, 2023: 23,7% e 2024: 26%


Brasil: 2016: 18,5%; 2023:19,8% e 2024: 22,4%


Formação superior no Acre cresce 4,5 pontos em oito anos e ultrapassa média nacional


A distribuição percentual das pessoas com 15 anos ou mais de idade que possuíam formação superior no Acre atingiu 17% em 2024, um crescimento de 4,5 pontos percentuais em relação a 2016 (12,5%). O crescimento registrado pelo estado, no período, foi superior ao observado na Região Norte (4,2 p.p.) e no Brasil (2,7 p.p.).


Proporcionalmente, o Acre encerrou o ano de 2024 com um percentual de pessoas com nível superior (17%) superior ao da média regional (13,8%) e nacional (16,8%), conforme demonstra o gráfico a seguir.


Com esse resultado, o Acre subiu da 13ª posição, em 2016, para a 11ª colocação entre os estados brasileiros com maior proporção de pessoas com nível superior completo.


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A jornalista Lucianne Carneiro, em matéria publicada no jornal Valor Econômico do dia 16/06/2025 (acesso: link), descreve que a nova edição do estudo mostrou a continuidade na trajetória de crescimento da parcela de pessoas com ensino superior e da maioria da população com ensino básico obrigatório, além da redução do analfabetismo — o que é muito bem-vindo. Suas palavras são totalmente coerentes com a realidade do Acre.


Ela reforça também que, apesar dos avanços — especialmente em comparação com 2016, primeiro ano da pesquisa — muitos dos objetivos previstos no Plano Nacional de Educação (PNE) ainda não foram cumpridos. Dentre os desafios pendentes estão: a presença de 50% das crianças de 0 a 3 anos nas creches (dados desconhecidos para o Acre); a universalização da escolarização para as faixas etárias de 4 e 5 anos e de 15 a 17 anos; e a erradicação do analfabetismo.


Os avanços são inegáveis, mas dificilmente o Acre conseguirá cumprir as metas do PNE, cuja vigência foi prorrogada até 31 de dezembro deste ano. Ao todo, são 20 metas, desdobradas em 38 dispositivos (ou submetas), cada um com um indicador de referência a ser alcançado.



Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas


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