Suçuarana ataca na Reserva e faz dezenas de vítimas

Por
Valterlucio Campelo

Marina Silva, a deputada paulista que gosta de chamar a si mesma de jaguatirica e dá expediente como agente globalista no governo brasileiro, vestiu-se de suçuarana e veio ao Acre disfarçada, para atacar de surpresa dezenas de famílias que ao longo de décadas conseguiram amealhar algumas poucas reses na Reserva Chico Mendes, descolando-se um pouco do itinerário de miséria que lhe prepararam entre um seminário e outros os ecologistas de plantão. O salto na garganta foi explicado em nota da qual extrai o trecho abaixo.


“A Operação Suçuarana, iniciada em 5 de junho, conta com o apoio da Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Exército Brasileiro, Ministério Público Federal, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF) e do Batalhão de Policiamento Ambiental do Acre (BPA). O objetivo é retirar o gado cuja criação decorre da destruição da Floresta, em desacordo com o plano de manejo e com as normas que regem as reservas extrativistas. O gado apreendido está sendo encaminhado a frigoríficos para abate, com a carne destinada diretamente à alimentação escolar.


As medidas adotadas têm como objetivo proteger as comunidades extrativistas legalmente reconhecidas, que vivem da floresta de forma sustentável e seguem os regulamentos da unidade. As ações da Operação Suçuarana são direcionadas exclusivamente a grileiros e criadores de gado irregulares, que vêm promovendo o avanço da pecuária em áreas protegidas, com impactos graves para o meio ambiente e para o convívio social na região.”


Fácil perceber que o trecho extraído da nota do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – MMA, a título de esclarecimento e combate à “desinformação” é a própria DESINFORMAÇÃO. Não explica, não justifica e mente. Não explica, porque omite a própria culpa, a negligência, o abandono a que foram relegadas as famílias que permaneceram na área desde sua transformação em reserva extrativista. Não justifica, porque a medida expropriatória de bens, mais precisamente do gado apreendido, além da expulsão dos viventes, vai contra qualquer avaliação serena, equilibrada, é uma brutalidade que empobrece dezenas de famílias de uma hora para outra, levando-as ao desespero. E mente, porque faz supor a possibilidade de “viver na floresta segundo os regulamentos da unidade”. Os ditos regulamentos, planos de manejo ou algo que o valha não são viáveis, se forem rigorosamente seguidos levarão qualquer comunidade à miséria total, ou seja, aqueles que estão sendo vilipendiados brutalmente são os que conseguiram ao longo de anos e anos escapar do torniquete dos ditos planos de manejo. Boa parte há muito se mandou para as cidades.


Parlamentares claramente dispostos a defenderem aqueles agricultores e pequenos pecuaristas, como o Deputado Federal Coronel Ulysses e o Senador Alan Rick estiveram no local onde ocorrem a manifestação de impedimento do tráfego de veículos, realizada com o objetivo de chamar a atenção para a questão que não pode ser resolvida com armas do Estado contra a população. Outros fizeram discursos e deram declarações em jornais. São os que não se abaixam perante a força do Estado opressor, ditatorial, que investe sobre gente pobre enquanto solta bandidos e protege os ladrões do INSS, por exemplo.


Bem disse o presidente da FAEAC, Assuero Veronez, quando lembrou que a bagunça da reserva Chico Mendes tem origem no início. O que começou errado ainda está errado. A reserva foi criada na ressaca da morte de Chico Mendes de forma atabalhoada, sem critérios, sem a mínima preocupação com as pessoas que lá residiam. O negócio era trancar o máximo possível e assim foi feito em toda a Amazônia. Por trás de tudo isso, os interesses internacionais capitaneados por Marina Silva e outros que por duas décadas dominaram o Acre reproduzindo a miséria.


Depois de 35 anos, passou da hora de o Estado rever completamente a Reserva Chico Mendes, seja em seus critérios, seja em suas dimensões. Os planos de manejo precisam ser adequados a uma realidade que se impõe e não se subordina ao romantismo de quem de longe quer a floresta como há de 100 anos atrás. Não é possível. As coisas mudaram, as perspectivas são outras, as condições de realização da felicidade das pessoas foram transformadas, não há como manter no corte da seringueira o contingente humano dessas áreas. Menos ainda quando elas são, como no caso, abandonadas pelo poder público.


O certo é que a reserva Chico Mendes fracassou como unidade de conservação. Por muitos motivos, mas, principalmente, porque seus pressupostos eram falsos (o de que o extrativismo asseguraria a sobrevivência digna das pessoas). Então, é necessário que aproveitamos este momento para fazermos uma discussão séria sobre esse tipo de unidade de conservação gerado há décadas, ou os fatos presentes se repetirão cada vez mais frequentemente.


Urgentemente, é preciso suspender a ação e indenizar as famílias expropriadas em seu gado e benfeitorias. Trabalhadores e trabalhadoras que durante décadas irrigaram com seu suor aquele pouco pasto não pode ser criminalizada, multada, vilipendiada pela ação insensível de agentes do Estado tomados pelo “estou cumprindo ordens”. O nazismo não é aqui. Ou é?


Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no  DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.


 


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