Um estudo realizado no Acre sobre a ocorrência de injúria renal aguda (IRA) em pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) foi publicado recentemente na revista científica Nature, uma das mais relevantes do mundo. A pesquisa, liderada pelo médico urologista e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Fernando de Assis Ferreira Melo, investigou as causas e desfechos clínicos da condição em uma perspectiva populacional e multicêntrica na região amazônica.
A pesquisa faz parte do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS) e integra a tese de doutorado do pesquisador, com apoio da Ufac, da Universidade de São Paulo (USP) e financiamento de agências como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
“Desde o começo da coleta dos dados, seguimos os critérios internacionais, para que pudesse ser publicada em uma revista de impacto. Com isso, a pesquisa serviu não só para mudar protocolo aqui, mas para o mundo”, afirmou Fernando de Assis. Segundo ele, o artigo já foi citado diversas vezes em outras pesquisas científicas.
Intitulado “Acute kidney injury developed in the intensive care unit: a population-based prospective cohort study in the Brazilian Amazon”, o estudo investigou todos os pacientes internados em UTIs no Acre ao longo de dois anos. Um dos achados mais relevantes foi o fato de que, mesmo em um estado da Amazônia, as causas de perda da função renal são semelhantes às observadas em grandes centros urbanos globais.
“Achávamos inicialmente que as causas de perda da função renal seriam diferentes das que a gente encontra nos grandes centros e, para nossa surpresa, foi exatamente a mesma coisa do que acontece em São Paulo, Nova Iorque e em qualquer dessas cidades”, explicou o pesquisador. “Está relacionada a essa globalização, essa facilidade de alimentos e de medicamentos que são amplamente difundidos.”
A pesquisa teve caráter epidemiológico, com abrangência estadual e participação de uma grande equipe de bolsistas. “Estudamos todas as UTIs do Acre naquela época. O trabalho foi grandioso […] pudemos contratar muitos alunos, que participaram como bolsistas, formando-se uma grande equipe de pesquisa, empregando muita gente durante os dois anos de coleta”, destacou Assis.
Além de Fernando de Assis, assinam o artigo os pesquisadores Emmanuel A. Burdmann, Etienne Macedo, Ravindra Mehta e Dirce M. T. Zanetta.
Com informações da Agência de Notícias do Acre