Após a veiculação da reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (8), que denunciou as condições precárias da escola na comunidade do Limoeiro, no município de Bujari, o secretário de Educação do Estado do Acre, Aberson Carvalho, divulgou nesta segunda-feira (9) uma carta aberta abordando os desafios estruturais e os avanços da educação rural e indígena no estado.
Segundo o secretário, a Amazônia é uma “escola viva”, onde cada rio, ramal, comunidade indígena ou seringal representa a força de um povo que busca emancipação por meio do conhecimento. Carvalho ressaltou que, no Acre, a educação no campo e nas comunidades indígenas exige um trabalho constante de resistência, adaptação e compromisso do poder público. “As distâncias amazônicas não são apenas geográficas. São distâncias de acesso, de oportunidade, de logística e de financiamento”, escreveu. Ele explicou que muitas das escolas rurais surgem conforme famílias avançam floresta adentro, o que exige a criação constante de novas salas de aula, adaptadas à realidade local.
O secretário também destacou que o Estado tem garantido a presença educacional com professores que, muitas vezes, são moradores das próprias comunidades, além do fornecimento de merenda escolar, material didático e transporte, mesmo enfrentando obstáculos como rios e estradas de difícil acesso.
Contudo, ele reconheceu que os avanços ainda não anulam a necessidade urgente por mais investimentos. “É necessário seguir ampliando infraestrutura, consolidando o acesso e oferecendo melhores condições de ensino a alunos e professores”, afirmou.
Sob a gestão do governador Gladson Cameli, segundo Carvalho, foram construídas 22 novas escolas em áreas de floresta e zona rural, além da ampliação e reforma de outras unidades. Mais de 210 escolas rurais e indígenas passaram por manutenção predial. Atualmente, são 420 escolas rurais e indígenas em funcionamento no Acre, atendendo mais de 37 mil estudantes – o equivalente a cerca de 20% da rede estadual de ensino.
O transporte escolar, segundo ele, também é um desafio proporcional à geografia do estado. Com investimentos de R$ 160 milhões, entre recursos próprios e federais, o Acre mantém uma malha de transporte voltada ao atendimento de comunidades rurais e indígenas.
Carvalho destacou ainda o chamado “custo Amazônia”, explicando que manter a educação na floresta demanda investimentos acima da média nacional. “Não estamos falando de linhas de produção, mas de vidas reais em contextos únicos, onde o professor, muitas vezes, é o único serviço público presente”, disse.
Por fim, a carta também trouxe um apelo às bancadas federal e estadual para que priorizem a educação do campo e indígena na destinação de emendas parlamentares. O secretário sugeriu que esses recursos sejam direcionados a melhorias de infraestrutura, formação de professores e apoio direto às comunidades escolares. “Cada escola instalada na floresta é uma semente de futuro. Cada aluno que permanece em sua comunidade, com acesso ao conhecimento e à sua identidade, representa um caminho viável e sustentável para o Acre”, concluiu.