Os crimes que possam resultar em golpes de Estados deverão ser evitados, independente dos seus resultados
Por que evitado? Porque, se bem sucedido, os golpistas passam a tomar conta dos poderes e àqueles que resistiram ao golpe serão impiedosamente sacrificados, alguns deles com suas próprias vidas, e se mal sucedido, que os seus organizadores e mandantes sejam duramente responsabilizados, para servir de exemplo as futuras pretensões golpistas.
Em síntese: golpe de Estado é um crime, independente dos seus resultados. Logicamente, se for evitado e bem melhor que sê-los, outras vezes contestado. O que aconteceu no dia 08-01-2023 não foi um caso isolado, e sim, mais uma tentativa golpista, esta já em grau de desespero, seqüenciando uma série de outras tentativas que já haviam ocorrido.
Com que autoridade política e moral e o mínimo de espírito democrático, o hoje ex-presidente Jair Bolsonaro acusa as urnas eletrônicas de fraudáveis, como se isto bastasse para justificar a sua própria derrota quando concorreu a sua própria reeleição? Ele próprio conseguiu chegar à presidência da nossa República através das tais urnas.
Quer mais, vamos em frente: não apenas no Brasil, mas em todo mundo, jamais encontraremos um único chefe de Estado, pai de quatro filhos e tendo todos eles pendurados em mandatos eletivos, e pelo que se comenta, a sua atual esposa, Michele Bolsonaro, pretende ser senadora.
Partindo do extremo sul do nosso país até chegarmos ao nosso Brasil central, todos os seus atuais governadores, são bolsonaristas de carteirinha, embora tenham sido eleitos através das tais urnas, e até então, nenhum deles chegou a reclamar que tenha havido fraude no sistema.
Enquanto esteve no comando político do nosso país a principal preocupação do então presidente Jair Bolsonaro era com a sua manutenção no próprio poder. A propósito, muitas das provas que o incrimina como comandante do golpismo foi por ele produzida.
O que aconteceu uma reunião ministerial presidida pelo então presidente Jair Bolsonaro, no dia 5 de julho de 2022, portanto, alguns meses antes da própria disputa pela presidência da nossa Republica, por si só, bastaria para revelar as suas pretensões golpistas.
Na referida reunião o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, o ex-general Augusto Heleno, chegou a sugerir a seguinte recomendação: “em sendo para virar a mesa que a tal virada devesse ser realizada antes das eleições”.
A tal virada da mesa não aconteceu, em parte, porque os comandantes do nosso Exército e da nossa Aeronáutica discordaram das pretensões golpistas do comandante da nossa Marinha. Mesmo assim, a mais agressiva, entre todas as tentações, aconteceu no dia 8-1-2023.