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A vida aos 114 anos: centenário que vive no Acre revela segredo da longevidade 

FOTO: SÉRGIO VALE

Ele come de tudo. O único problema de saúde é uma singela pedra na vesícula – que não apresenta crise há muito tempo — e só levanta da cama depois de um cafezinho preto. Facilmente a rotina de qualquer pessoa “na casa dos 30”, certo? Errado! Nesse caso, retrata a vida de Francisco Pereira Lima, um jovem senhor que acaba de completar 114 anos em Rio Branco, capital do Acre.


Francisco Pereira Lima acaba de completar 114 anos em Rio Branco  (FOTO: Sérgio Vale/ac24horas)

Aos 114 anos, seu Francisco esbanja saúde, lucidez, sabedoria e memória de causar inveja a qualquer “novinho”. Também desbanca muita gente quando o assunto é trabalho: por ele, estava em sua colônia, lá em Boca do Acre (AM), caçando, pescando e cuidando dos bichos (menos de gado, pois “aperreiam” muito).


O centenário recorda com exatidão: “nasci no Ceará, em 13 de maio”. Um detalhe é lembrado por sua filha, Antônia Moreno: “o pai é de 1911”. Seu Francisco veio para a região de Boca do Acre quando ainda era um bebê. Trabalhou por quase 20 anos como seringueiro e teve 14 filhos. E foi com o suor do trabalho na zona rural que sustentou sua família. “Graças a Deus. Me casei e nesse tempo todo nunca fui na casa de ninguém pedir alguma coisa. Sempre tive tudo que precisava em casa”, orgulha-se.


O idoso centenário come de tudo, mas adora uma boa panelada (FOTO: Sérgio Vale/ac24horas)

Passou a vida se dividindo entre Boca do Acre e Rio Branco, onde a maior parte dos filhos veio morar. Em meados de 2011, quando sua esposa Zuleide Moreno Teixeira faleceu, aos 75 anos, o idoso veio de vez para a capital acreana.


Aposentado como Soldado da Borracha, continuo trabalhando por bastante tempo na zona rural. “Cheguei a ter 280 cabeças de gado, mas não gostava muito não, porque davam muito trabalho, eles andam muito e aperreiam a gente. Gostava mesmo era de criar porco e galinha. Galinha eu tive o tanto que pude”, contou com muita saudade.


Hoje mora com a filha, Antônia, e um neto, no bairro Mocinha Magalhães. Outros filhos de seu Francisco também residem por perto.  “O sonho dele é voltar a caçar e pescar. Gostava muito de criar animais, de plantar mandioca e de fazer farinha com a família toda”, pontua Antônia Moreno. Seu Francisco lembra como se fosse ontem: “quando andava com algum dinheiro, comprava galinha. Deixei 70 galinhas [para trás] quando me desfiz da terra”.


Seu Francisco mora com a filha, mas recebe visita dos familiares sempre (FOTO: Sérgio Vale/ac24horas)

Mas a paixão do homem de 114 anos atualmente é o Paçoca, um gatinho que chegou na casa da família e de cara virou companheiro fiel de Francisco, desde a hora que acorda até quando vai dormir. “Eles passam o dia juntos. Brincam muito e fazem carinho um no outro”, conta a filha.


Os cuidados com um senhor de 114 anos não são poucos, mas seu Francisco facilita bastante a vida da família. “Ele ama comer feijão com carne, panelada. Dorme sempre entre 19h30 e 20 horas, mas às 3h30 ou 4 da madrugada já acorda”, afirma a filha. Porém, não se enganem: “ele é enjoado com negócio de comida”, garante a família. “Tem que ser sempre uma coisa diferente. O café, num dia é pão com ovos, no outro tem que ser pão de milho com leite, no outro, tapioca e assim vai. Ele come bastante”.


O gatinho Paçoca é sua fiel companhia durante o dia (FOTO: Sérgio Vale/ac24horas)

Ele garante ser um homem eclético. Gosta de todo tipo de música e estilos. Prefere o rádio do que a TV. E não gosta de futebol, “nem de jogo de qualidade nenhuma”.  Conhecendo a vida moderna, com todos os aparatos eletrônicos possíveis, seu Francisco afirma: “antigamente era melhor de se viver”.


Ele entende que a vida atualmente é bem mais difícil. “Antes era melhor. Com toda dificuldade que a gente tinha, a gente podia sair, matar um bicho para comer. Sou caçador. Aqui na cidade você não pode mais matar nada para comer”.


Seu Francisco não dispensa um bom e velho cafezinho preto (FOTO: Sérgio Vale/ac24horas)

Seu Francisco se admira por alcançar uma idade tão avançada com saúde. Ele não imaginava que passaria dos 100 anos, mas destaca que sempre teve uma vida saudável. “O trabalho é o segredo da longevidade. Trabalhar é o segredo”. A família completa: “ele mascou tabaco por pouquíssimo tempo e sempre comeu muito saudável. Muita fruta, verduras e peixes. Era ribeirinho, então amava peixe. Com certeza essa é a comida preferida dele”, diz a filha Antônia.


Dos 14 filhos que teve, quatro já faleceram. Mas seu Francisco já contabiliza mais de 50 netos, bisnetos, trinetos e tudo mais que tem direito. A família sempre busca comemorar seus aniversários de forma afetiva. “A família sempre se encontra. Vejo eles sempre”, relata o idoso.


Antônia Moreno mora com o pai, o homem de 114 anos, em Rio Branco (AC) – (FOTO: Sérgio Vale/ac24horas)

A última surpresa foi o bolinho em comemoração aos seus 114 anos, que contou com carro de telemensagem e tudo. “Para nós é um prazer ter nosso pai aqui com a gente. Agradeço a Deus por estar sempre dando essa oportunidade para que ele possa fazer mais um ano. E graças a Deus por isso. É uma honra estar cuidando do meu pai e com saúde”, conclui Antônia.


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