A edição semanal do programa Boa Conversa foi realizada nesta sexta-feira, 30, com os jornalistas Astério Moreira, Luiz Carlos Moreira Jorge, Crica e Marcos Vinícius, que abordaram os principais assuntos da semana, como brecha fiscal, Gladson e seu declarado adversário.
A abertura do programa rolou com Marcos falando que o Acre está acima da Lei de Responsabilidade Fiscal e, com isso, o aumento do funcionalismo pode ocorrer. Marcos Vinícius contou que o Estado do Acre segue acima do limite prudencial de gastos com pessoal, o que dificulta a concessão de reajustes salariais para os servidores públicos ainda no primeiro semestre de 2025. A informação foi detalhada pelo jornalista Marcos Vinícius.
De acordo com dados divulgados, o comprometimento atual da folha de pagamento chega a 46,99% da Receita Corrente Líquida (RCL), ultrapassando o limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “Ou seja, não há a brecha fiscal que muitos servidores aguardavam para viabilizar o PCCR da saúde, a restituição de benefícios cortados da educação e demandas da segurança pública”, afirmou o jornalista.
Segundo ele, o cenário pode desencadear novos protestos e paralisações. “Nesta semana, em assembleia, o Sindicato da Saúde (Sintesac) definiu que, caso o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) não chegue à Assembleia Legislativa até o dia 17 de junho, uma greve geral será deflagrada na saúde.”
O comentarista político Luiz Carlos Moreira Jorge também destacou a gravidade da situação. “Estamos tratando de um problema que tem reflexo direto no orçamento e pode gerar uma grande mobilização grevista. A saúde já deixou claro que não vai abrir mão do PCCR, e isso tende a pressionar outras categorias, como segurança pública e educação”, alertou.
Moreira Jorge ainda criticou a incoerência nas decisões do governo. “Enquanto os servidores escutam que não há brecha fiscal, eles veem nomeações recorrentes de cargos comissionados. Isso cria indignação e fortalece os movimentos de greve”.
O jornalista Astério Moreira analisou a situação fiscal e política do governo Gladson Cameli, especialmente em relação ao impasse envolvendo o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da saúde.
Segundo Moreira, o governador Gladson Cameli realizou uma série de contratações e concedeu reajustes ao longo dos últimos anos, o que, segundo ele, mostra que a situação financeira atual não é tão grave quanto a enfrentada em gestões anteriores. “Gladson contratou muita gente, concedeu aquele reajuste parcelado, enfrentou problemas com a educação e tem oferecido bônus, geralmente no fim do ano. A composição geral não parece tão crítica”, afirmou.
O jornalista ponderou, no entanto, que o governo precisa de tempo para conceder novos reajustes. “Não só para a saúde, mas também para a segurança, a educação e todo o funcionalismo. O problema é que se criou uma expectativa de que o PCCR da saúde seria enviado à Assembleia Legislativa, e isso não aconteceu”, explicou.
O colunista Luiz Carlos Moreira Jorge afirmou que a greve dos professores da rede municipal de ensino pode influenciar negativamente na política, especialmente na gestão do prefeito Tião Bocalom. “A greve dos professores incide diretamente sobre a imagem do prefeito. Ela impacta negativamente a popularidade do governo”, avaliou.
Durante participação no programa Boa Conversa, o jornalista Astério Moreira comentou a crise financeira enfrentada pela Câmara Municipal de Rio Branco e associou o problema ao aumento no número de vereadores na Casa.
Para ele, a ampliação do número de parlamentares comprometeu ainda mais o orçamento do legislativo municipal. “Teve gente que voltou achando que teria mais chance de se reeleger. Mas isso foi um erro grave. Como é que você tem um orçamento para 10 pessoas e coloca mais cinco, seis, dez? Não tem saída. Está no teto”, afirmou.
Asterio explicou que o repasse feito pela Prefeitura à Câmara — o duodécimo, de caráter obrigatório — já atingiu o limite permitido. “Não tem como o prefeito socorrer, fazer aditivo, nada disso. Eles vão ter que se virar. Vão ter que enxugar a folha de pagamento, cortar salários, rever benefícios e até as emendas parlamentares”, disse.
O jornalista Marcos Vinícius também lembrou o aumento expressivo no valor das emendas. “Antes, cada vereador tinha direito a cerca de R$ 700 mil, e hoje está acima de R$ 1 milhão. Ninguém fez essa conta direito. Aprovou-se o aumento, mas a conta não fecha”, alertou.
Asterio destacou que, apesar de indicarem as emendas, os vereadores não têm controle direto sobre a execução dos recursos. “Esses valores são todos geridos pelo Executivo. O vereador apenas indica onde quer que sejam aplicados, geralmente na saúde ou na assistência social”, pontuou .
Eles abordaram ainda no programa a greve de fome feita pelo vereador Éber Machado que, segundo ele, durou 24 horas. Durante o programa Boa Conversa, os jornalistas Astério Moreira e Crica debateram de forma descontraída o protesto do vereador Éber Machado (MDB), que realizou um jejum de 24 horas contra a transferência do Centro Pop para o bairro Castelo Branco. A ação, no entanto, durou apenas um dia devido a problemas de saúde do parlamentar.
Moreira comentou com tom irônico: “Jejum teve… Oração, deve ter feito. Mas a pressão baixou, né? Aí o negócio é mais de baixo. O Éber é muito emotivo, muito sensível. Ele mergulha de cabeça nas causas. Agora na oposição, nem parece ele. Está meio cansado.”
Crica, por sua vez, foi mais direto nas críticas: “Acho que ele se empolgou um pouco. Ia acabar morrendo de fome. Quando chegou o calor, voltou atrás. O Bocalom diz que a cidade é uma bicicleta, né? Então, agora ele quase morreu de fome por uma bicicleta.”
Colunista Luiz Carlos defende decisão de Marcus Alexandre de não disputar o governo
O colunista político Luiz Carlos Moreira Jorge avaliou como acertada a decisão de Marcus Alexandre em não disputar o governo do Acre nas eleições passadas. “Foi corretíssimo quando ele foi candidato majoritário, quando foi vice do Jorge Viana — embora hoje ele considere isso um erro. Mas não foi erro”, opinou Luiz Carlos.
Para o colunista, o verdadeiro equívoco de Marcus Alexandre foi ter disputado a Prefeitura de Rio Branco, sem estrutura suficiente, contra Tião Bocalom. U“Ele errou foi ao disputar a prefeitura de Rio Branco liso, sem apoio, contra o Bocalom, que tinha duas máquinas a seu favor: a do governo e a da prefeitura, além de um esquema político muito mais estruturado”, avaliou
Na edição do programa Boa Conversa, o jornalista Crica revelou que a fusão entre o MDB e o Republicanos está praticamente confirmada, com mais de 90% das negociações concluídas. “O deputado federal Roberto Duarte me disse que a federação entre os dois partidos está 90,9% fechada. Faltam apenas alguns ajustes finais, mas o acordo já está encaminhado”, afirmou Crica.
Segundo ele, a federação resultante contaria com dois deputados federais — Roberto Duarte e Antônia Lúcia — e cinco deputados estaduais: Antônia Sales, Tanísio Sá, Tadeu Hassem, Gene e Clodoaldo Rodrigues. “É uma chapa forte. Se somarmos ainda nomes como Éber Machado e N. Almeida, teremos um grupo com grande potencial de disputa para a Assembleia Legislativa”, destacou.
Os jornalistas discutiram declarações do senador Alan Rick (União Brasil) sobre o rompimento político com o governador Gladson Cameli (PP). Segundo Crica, Alan disse que não há mais possibilidade de reconciliação. “Ele [Alan] me mandou uma postagem dizendo que não, mas eu não quero conversa com ele. Ele não foi leal comigo. Já mandou vários assessores e pessoas em comum para conversar, tentando reatar, mas eu não quero. Ele é meu adversário. Não quero conversa com ele”, afirmou. Ele ainda questionou a origem das tentativas de reaproximação. “Duvido muito que alguém tente fazer esse meio de campo sem o governador saber.”
Apesar da declaração enfática, o jornalista Marcos Vinícius demonstrou ceticismo quanto à irreversibilidade do rompimento. “Eu não duvido de nada. Foi assim com o Bocalom, e olha como terminou. No fim, o povo se beija, se junta, se ama. Eu não coloco minha mão no fogo por ninguém nesse aspecto.”
Ele também relembrou momentos de tensão no passado entre aliados que depois se reconciliaram. “Lembro bem do pau quebrando entre governo e Bocalom, com declarações pesadas, e no fim, deu em aliança. O próprio governador já disse: ‘não vou fechar essa porta’.”
Durante o programa Boa Conversa, o jornalista Crica revelou que a possível candidatura de André Kamai em 2026 desperta o interesse do ex-governador Jorge Viana (PT). Segundo Crica, o movimento estratégico seria uma forma de garantir palanque para o grupo político de Viana nas próximas eleições. “É uma resposta. A vinda de recursos para a campanha do Kamai, automaticamente, marca o início da campanha de Jorge Viana”, afirmou o jornalista.
Durante a edição do programa Boa Conversa, os jornalistas comentaram o embate entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e senadores ao longo da semana. Para os analistas, a ministra saiu fortalecida da situação. “A Marina saiu maior dessa situação. Ela cresceu muito diante do episódio”, avaliaram os comentaristas.
O jornalista Marcos Vinícius destacou, no entanto, a ausência de manifestações de apoio por parte do governo federal. “Quero ressaltar o silêncio das nossas autoridades. Na sexta-feira passada, ela estava aqui, em Rio Branco, sendo abraçada por todos como uma celebridade, no encontro dos governadores do GCF. Todo mundo paparicando a Marina, tirando foto… E agora, depois desse episódio, silêncio total. Isso chama muita atenção”, criticou.
O jornalista Crica comentou a disputa entre o deputado estadual Adailton Cruz e o secretário de Saúde, Pedro Pascoal, e afirmou que ambos estão politicamente rompidos. “O pai do Adailton está envolvido nessa briga, né? Porque o conflito é com o Pedro, que hoje é secretário de Saúde. É isso. Agora, o Adailton quer agradar todo mundo ali, mas não vai conseguir. Não tem como”, avaliou.
Crica lembrou que o deputado, inicialmente, defendia a contratação dos concursados da saúde, mas depois tentou manter os servidores provisórios. “Não dava para manter os dois. Então ele precisa se equilibrar nesse jogo. O que eu sei é que os dois estão politicamente rompidos”, concluiu.