Em uma reunião importante em Rio Branco, na manhã desta sexta-feira (30), o prefeito de Xapuri, Maxsuel Maia, esteve frente a frente com os desembargadores Laudivon Nogueira, presidente do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), e Samoel Evangelista, coordenador do Projeto Cidadão, para afinar os últimos ajustes da edição 2025 do Programa Justiça Itinerante Cooperativa na Amazônia Legal. O encontro marcou oficialmente a entrada de Xapuri no centro de uma das agendas públicas mais ambiciosas do país para promover cidadania e acesso à Justiça em áreas remotas.
O município, berço de lutas históricas e de resistência social, será o único do Acre a receber a iniciativa, compartilhando protagonismo apenas com Boca do Acre (AM) em toda a região.
A ação, organizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), levará de 23 a 27 de junho uma verdadeira força-tarefa de atendimentos gratuitos ao coração da floresta. Estão previstos serviços como emissão de documentos, consultas médicas e odontológicas, atendimentos previdenciários e mediações de conflitos fundiários e ambientais. O encerramento, no dia 27, contará com a presença de ninguém menos que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso.
“Xapuri é diferente. É a única do Acre escolhida para essa missão. Vamos fazer bonito”, disse o prefeito ao sair da reunião com os representantes do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). O município promete não apenas acolher, mas também participar ativamente da operação, oferecendo apoio logístico e infraestrutura, especialmente na área da saúde.
Do lado do Judiciário, o desembargador-presidente falou do compromisso do TJAC com a interiorização das ações sociais e a aproximação com a população. Ele enfatizou sobre os direitos básicos à população, especialmente àqueles que vivem em áreas mais distantes dos centros urbanos. O coordenador do Projeto Cidadão também ressaltou a relevância da ação reafirmando o papel social do Judiciário.
A Amazônia Legal, que engloba nove estados e mais de 770 municípios, ainda sofre com ausência de serviços públicos, baixa cobertura institucional e altos índices de litígios complexos, como disputas de terra e questões ambientais. Em 2021, segundo pesquisa da FGV, mais da metade dos conflitos fundiários no Brasil se concentrou na região.
É nesse contexto que o Justiça Itinerante se apresenta não como uma ação pontual, mas como uma política integrada, com atuação nos eixos de meio ambiente, cidadania e produção de dados estratégicos. A articulação envolve CNJ, Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Ministério Público e governos locais.
A escolha de Xapuri não é aleatória. Com relevância histórica e localização estratégica na fronteira amazônica, a cidade simboliza os dilemas e as possibilidades de uma nova relação entre o Estado e a floresta.
A mobilização já aquece a economia local: indisponibilidade de vagas de hospedagem para o período, comércio se preparando e expectativa alta entre moradores e lideranças locais. Mais do que um evento, a passagem do programa será uma experiência de reconexão entre instituições públicas e comunidades invisibilizadas. E Xapuri, mais uma vez, escreve seu nome no centro de uma ação única e impactante.