Foto: Whidy Melo
Moradores do bairro Castelo Branco e adjacências continuam mobilizados contra a transferência do Centro Pop para a Rua Bola Preta, onde as manifestações já duram mais de duas semanas. Apesar da resistência local, os serviços da unidade seguem funcionando normalmente.
A reportagem do ac24horas play visitou o local na manhã desta quarta-feira (28), conversando com moradores, lideranças comunitárias e a coordenação do Centro Pop, para compreender os dois lados do impasse.
Moradores temem aumento da criminalidade
Os moradores da região manifestam preocupação com a presença do Centro Pop no bairro. A principal queixa é o temor pelo aumento da violência e da insegurança.
Dona Ivanira Carlos, professora aposentada de 68 anos e moradora da região há 35 anos, expressa indignação com a transferência do equipamento social para o bairro. “Tiraram o Centro Pop do centro da cidade, que estava criando transtorno para eles, você imagina aqui pra nós”, disse. “Eles dizem que não vão ficar aí para fazer refeição, não vão morar, mas eles estão diariamente aqui. E nas madrugadas nós já passávamos por problemas de arrombamento das casas. A minha casa foi arrombada. Agora eles não estão aqui porque nós estamos aqui na porta; se nós não estivéssemos, eles estariam”.
Foto: Whidy Melo
Outro porta-voz do movimento, Jorge Dias, ressaltou reforçou a expectativa de que o poder público ofereça contrapartidas, caso a unidade permaneça na região. “Se o Centro Pop não for sair daqui, a comunidade exige ao menos uma contrapartida. A instalação de uma base da Polícia Militar, seria fundamental para trazer uma certa segurança para quem transita pela comunidade”, defendeu.
Além das manifestações diárias, os moradores organizam outros atos. “Hoje, às 17h, vamos estar em mais uma manifestação pacífica, na Rua Rio de Janeiro, próximo ao Banco do Brasil. E dia 29 teremos audiência pública na Assembleia Legislativa, realizada a convite do deputado Adailton Cruz”, anunciou Jorge.
Centro Pop funciona normalmente e busca ampliar acolhimento
Do outro lado da rua e da discussão, o Centro Pop segue operando normalmente, das 7h às 16h, conforme informou o coordenador da unidade, Gabriel Ferreira. A reportagem visitou as instalações, percorrendo as diversas salas de atendimento e assistência social.
“O Centro Pop veio para cá para melhorar o serviço”, explicou Gabriel, afirmando que a unidade oferece acolhimento, encaminhamento para serviços públicos e apoio psicossocial para pessoas em situação de rua.
O processo de atendimento inclui recepção, triagem com assistente social, psicóloga, além de escuta técnica mais aprofundada. “Sabemos que, em alguns momentos, o indivíduo não vai falar toda a profundidade da sua história logo na chegada. Por isso, criamos um espaço privativo para que essa escuta qualificada aconteça”, destacou Gabriel.
Além da assistência social, o Centro Pop oferece outros serviços, como apoio jurídico, auxílio no cadastro em programas sociais e até educação para jovens e adultos (EJA). “Temos uma sala de aula com o professor Henrique. O Centro Pop também é um espaço de convivência, com oficinas, rodas de conversa e atividades culturais”, acrescentou.
Foto: Whidy Melo
Sobre a principal crítica dos moradores – de que o centro poderia se tornar um ponto de fixação permanente de pessoas em situação de rua no bairro – Gabriel esclareceu: “O indivíduo não é limitado a tempo dentro do Centro Pop. Ele pode permanecer durante o horário de funcionamento, mas, geralmente, eles não ficam o dia todo. Eles mesmos não gostam de passar muito tempo no local”.
Quanto ao fluxo de atendimento, o coordenador explicou que não houve redução significativa. “Os nossos referenciados que têm o Centro como local de referência continuam vindo. Aqui, quem utiliza os serviços realmente se encaixa no perfil do Centro Pop. No Restaurante Popular estamos atendendo um público de 30 a 45 pessoas, e a tendência é que esse número aumente conforme as pessoas conheçam o novo espaço para a alimentação”.
O coordenador ambém garantiu que as manifestações dos moradores não têm afetado o funcionamento da unidade. “O Centro Pop continua funcionando normalmente, não sofre interferência nenhuma externa. Todos os serviços internos estão sendo prestados”, finalizou.