O que se viu hoje no Senado Federal foi um espetáculo deprimente de arrogância, misoginia e tentativa de intimidação. A ministra Marina Silva foi atacada com virulência por senadores do Amazonas e de Rondônia, numa audiência que deveria servir ao debate público, mas que se transformou em palco para agressões e grosserias. O objetivo era claro: constranger, deslegitimar e tentar silenciar a mulher que, mais do que ministra, é símbolo de resistência da Amazônia.
Mas Marina não se cala. Marina nunca se calou.
Falo com a propriedade de quem conhece Marina Silva. De quem já teve a honra de conviver intensamente com ela, e de testemunhar, de perto, sua postura firme, ética e profundamente humana. Marina não está no lugar onde está por conveniência política, mas por merecimento — e por luta. Não é à toa que o povo do Acre a elegeu, por duas vezes, a senadora mais votada. Marina traz no rosto as marcas da floresta e na alma, a coragem das mulheres que não se rendem.
Hoje, ao ser interrompida e desrespeitada por senadores que pareciam mais interessados em defender os interesses de setores econômicos predatórios do que em dialogar com quem dedica a vida à proteção da Amazônia, Marina manteve a compostura. Rebateu com argumentos. Não desceu ao nível dos ataques. Quem conhece Marina sabe: ela não se impõe pela força, mas pela autoridade moral que poucos, pouquíssimos, em Brasília podem reivindicar.
Os senadores de Amazonas e Rondônia não insultaram apenas uma ministra. Insultaram a história de uma mulher que saiu dos seringais do Acre, que enfrentou a fome, o preconceito, a doença — e nunca se fez de vítima. Eles não atacaram só a Marina ministra. Atacaram a Marina símbolo. E isso, meus caros, tem um peso.
A elite política que tenta empurrar Marina para fora do debate amazônico — como se ela fosse uma estrangeira em sua própria terra — deveria lembrar que ela é parte viva da floresta. E como a floresta, resiste. Enfrenta as motosserras, o fogo e os discursos rasteiros. E permanece em pé.
Marina merece o respeito do Brasil e, sobretudo, do Acre. Ela representa nossa essência mais profunda: a força que vem da humildade, a sabedoria que vem da escuta, e a fé inabalável de que é possível construir um mundo mais justo e equilibrado. Atacá-la é atacar a todos que acreditam numa Amazônia viva, num futuro sustentável e numa política feita com decência.
Podem tentar calá-la. Em vão. Ninguém cala uma floresta quando ela decide falar.