BRASÍLIA (DF) – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, retirou-se da audiência pública na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, nesta terça-feira, 27, após sofrer nova violência de gênero praticada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). Plínio declarou que respeitava Marina Silva como “mulher” e não como “ministra”. Marina disse que foi convidada para estar na Casa como ministra e não como mulher, e que só permaneceria no lugar caso Plínio a pedisse desculpas. Ele se recusou.
“A mulher merece respeito, a ministra não. Isso que eu quero separar”, disse o parlamentar do Amazonas. “Por que o senhor não me respeita como ministra? O senhor que disse que queria me enforcar”, rebateu a ministra.
Marina foi convidada para prestar informações sobre estudos e reuniões realizadas para criação de Unidades de Conservação marinha na Costa do Estado do Amapá, na chamada Margem Equatorial, mas acabou sendo questionada sobre outras questões como a BR-319, exploração do potássio em Autazes (AM) e a “Ferrogrão”, no Mato Grosso.
No momento em que Plínio fez a divisão entre mulher e ministra, Marina lembrou que Plínio já manifestou a intenção de enforcá-la e começou o bate-boca, com o senador Rogério Carvalho (PT-SE) sugerindo a retirada da convidada, caso seguisse o desrespeito contra ela.
Ameaça de enforcamento
Em evento da Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio-AM), em março deste ano, o senador amazonense, ao receber a Medalha do Mérito Comercial do Amazonas 2025, fez declarações contra a ministra por causa da BR-319 e, no meio de sua fala, disse: “Imagina o que é tolerar a Marina por 6 horas sem enforcá-la”.
Antes de Plínio, o senador Omar Aziz (PSD-AM) também já havia se exaltado com a ministra por causa da BR-319, acusando-a de atrasar o desenvolvimento do País. Marina disse que ela esteve fora 15 anos do governo e ninguém conseguiu asfaltar a rodovia e até hoje a usam como “bode expiatório” para não fazê-la.
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