Na sequência do maior ataque aéreo russo desde o início da guerra da Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, anunciou que Moscou segue elaborando um “plano de paz” a ser apresentado aos ucranianos. O Kremlin informou que trabalha na redação de um memorando com propostas para um possível acordo, enquanto aguarda a versão ucraniana do documento. Segundo o porta-voz Dmitry Peskov, o texto exigirá “elaboração cuidadosa e coordenação minuciosa”.
“Estamos trabalhando no texto de um memorando que será entregue à Ucrânia. A Ucrânia, por sua vez, entregará seu rascunho“, declarou Peskov.
O anúncio ocorre após três noites consecutivas de intensos bombardeios russos, culminando no maior ataque aéreo da guerra até o momento. Na madrugada de domingo (25/5), a Rússia lançou 355 drones e nove mísseis de cruzeiro contra cidades ucranianas, incluindo Kiev, Kharkiv e Ternopil. Pelo menos 13 pessoas morreram, entre elas três crianças, e dezenas ficaram feridas.
A Ucrânia afirmou ter abatido todos os mísseis e 288 dos drones lançados. No entanto, os ataques causaram destruição significativa em áreas residenciais, levando o presidente Volodymyr Zelensky a criticar a resposta internacional, especialmente dos Estados Unidos. Zelensky declarou que o “silêncio da América” encoraja Vladimir Putin e prolonga o conflito.
O presidente dos norte-americano, Donald Trump, também condenou os ataques, chamando Putin de “absolutamente louco” e sugerindo a possibilidade de novas sanções contra a Rússia. Trump, que anteriormente prometeu encerrar a guerra em 24 horas se reeleito, agora enfrenta críticas por sua resposta considerada branda diante da escalada da violência.
Negociações ganham novo capítulo
A ordem de Putin surge em meio ao fracasso das últimas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, na Turquia.
Na última rodada de diálogos, mediada pelo governo turco, os representantes de Moscou e Kiev não chegaram a um consenso. A Rússia reforçou que não aceitará nenhuma proposta que não inclua o reconhecimento formal da anexação de quatro regiões ucranianas — Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson. A Ucrânia, por sua vez, considera esse ponto inegociável, defendendo a integridade territorial plena e o fim da ocupação russa.
No início da semana, o Kremlin afirmou que uma lista de exigências para um possível cessar-fogo está sendo preparada. No início da semana, o telefonema entre o líder russo, Vladimir Putin, e o presidente norte-americano, Donald Trump, deu início a nova rodada de negociações para uma possível trégua na guerra que perdura três anos no Leste Europeu.
Durante a conversa, Putin propôs a elaboração de um memorando com pontos-chave para um possível tratado de paz. A proposta incluiria os princípios de uma solução negociada, o momento adequado para a implementação e a possibilidade de um cessar-fogo temporário, caso haja consenso entre as partes.
Apesar da intensificação dos combates, Rússia e Ucrânia realizaram recentemente a maior troca de prisioneiros desde o início da guerra, com mais de mil detentos libertados por cada lado. A troca foi mediada durante negociações de paz na Turquia, embora líderes nacionais não tenham participado diretamente das conversas.
Na última sexta-feira (23/5), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, anunciou que o Kremlin já estava finalizando uma proposta formal de acordo de paz com a Ucrânia e que pretendia apresentar em breve. O documento, segundo Lavrov, deve ser apresentado assim que for concluída a mais recente rodada de trocas de prisioneiros entre os dois países.