Foto: Thay Lima/Médico 24 Horas
O Acre está prestes a dar um passo pioneiro na medicina ortopédica com a realização dos primeiros transplantes ósseos no estado, previstos para começar em junho de 2025. A novidade foi anunciada pelo médico ortopedista Cézar Marquezini, em entrevista ao programa Médico 24 Horas, exibido nesta segunda-feira (26) pelo ac24horas, conduzido pelo apresentador Fabrício Lemos. Além de abordar o avanço na área de transplantes, o especialista destacou os crescentes problemas ortopédicos causados pelo sedentarismo, um desafio que afeta a saúde da população.
Marquezini, que chegou ao Acre em 2002, é um dos responsáveis por trazer o procedimento de transplante ósseo ao estado, em parceria com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Rio de Janeiro. “A gente vai receber o tecido processado do banco de tecidos do Into, que chega via aérea e será armazenado em um ultrafreezer na Fundação Flaviano Melo”, explicou. O equipamento, doado pela Uninorte, permite conservar o material a -80ºC por até três meses. A iniciativa marca o pioneirismo do Acre na região Norte, com a primeira cirurgia agendada para 3 de junho, atendendo pacientes com perdas ósseas significativas, como na tíbia e no úmero, causadas por acidentes ou tumores.
O transplante ósseo, segundo Marquezini, é indicado para casos em que o enxerto do próprio paciente não é suficiente. “Quando a falha óssea é pequena, usamos material da bacia do paciente, mas, em perdas maiores, recorremos ao transplante de doadores cadáveres”, detalhou. Diferentemente de órgãos como rins ou fígado, o tecido ósseo não exige compatibilidade genética, o que facilita o procedimento. A captação de ossos pode ser feita até seis horas após a morte, sem necessidade de morte encefálica, semelhante à doação de córneas.
Além do avanço nos transplantes, Marquezini alertou para os impactos do sedentarismo na saúde musculoesquelética. “O sedentarismo é um grande problema. Nosso corpo foi feito para estar em movimento, e a falta de atividade física, aliada a posturas inadequadas, provoca dores e lesões”, afirmou. Ele destacou que mais de 70% dos atendimentos ortopédicos em prontos-socorros são por lombalgias, muitas vezes causadas por fraqueza muscular devido à falta de alongamento e exercícios. “A maioria das dores lombares é muscular, não de hérnia de disco, como muitos pensam. Fortalecer a musculatura que protege a coluna é essencial”, reforçou.
O especialista também abordou condições como fascite plantar e esporão de calcâneo, comuns em pacientes com pé cavo ou que usam calçados inadequados. “A fascite é a inflamação da fáscia plantar, e o esporão surge como consequência de um processo inflamatório crônico. O tratamento inclui palmilhas, fisioterapia e, em alguns casos, terapias como ondas de choque”, explicou. Ele enfatizou que o sobrepeso agrava essas condições, já que cada quilo extra sobrecarrega os joelhos em até 12 kg durante saltos e contribui para lesões nos pés.
Marquezini, que também é professor na Uninorte e preceptor da residência médica em ortopedia no Acre, destacou a importância de hábitos saudáveis para envelhecer com qualidade. “Não precisa de exercícios exagerados, mas uma caminhada, hidroginástica ou qualquer atividade prazerosa faz diferença. Equilíbrio entre corpo e mente é o segredo”, aconselhou. Ele também celebrou os avanços na ortopedia do estado, que hoje forma três residentes por ano e atende casos complexos localmente, reduzindo a necessidade de deslocamentos para outros estados.
A Fundação Flaviano Melo, onde os transplantes serão realizados, foi elogiada pelo especialista. “A presidente da Fundação é muito aguerrida, e temos avançado muito”, afirmou, agradecendo também o apoio da Secretaria de Saúde e do secretário Pedro Pascoal. Dois pacientes já estão selecionados para os primeiros procedimentos.
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