Foto: Sérgio Vale
No dia 5 de maio de 2022, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, esteve na escola Municipal Augusto Bacurau, no bairro Vila Betel, para entregar a professores e alunos do 4° e 5° ano 65 tablets com chips 3G/4G. O ato representava a entrega de 4500 tablets que passaram a compor o material pedagógico de alunos e gestores do 1° ao 5° ano do ensino fundamental das escolas municipais na capital do Acre, mas três anos depois do investimento superior a R$ 7 milhões, 9 a cada 10 tablets avaliados estão com problema, e nenhum dos aparelhos têm rastreamento porque a assinatura de um serviço de proteção venceu.
De acordo com a Secretaria de Educação do município, foram entregues ao público alvo do projeto de fortalecimento das ações pedagógicas 4.332 tablets entre os anos de 2022, 2023 e 2024. Deste número, já foram recolhidos 3.158 (72,89%); 2.585 unidades foram analisadas fisicamente e 2.222 possuem avarias (85,94% dos analisados); apenas 363 estão sem defeito (14%). Ou seja, aproximadamente 9 a cada 10 tablets avaliados estão com problema.
Para aumentar a gravidade do caso, a prefeitura de Rio Branco deixou de renovar a assinatura anual de uma plataforma de segurança que garantia a privacidade dos dados como vídeos e fotos dos usuários – a maioria, crianças -, e permitia o gerenciamento dos tablets em rastreamento, localização, bloqueio e desbloqueio remoto do equipamento e do conteúdo nele exibido.
“Os tablets vinham equipados com uma plataforma de segurança chamada Samsung Knox, que garantia a segurança e privacidade dos dados nos dispositivos Samsung Galaxy, tanto em nível de hardware quanto de software. A licença para uso da plataforma de segurança expirou em 16 de março de 2024, e apesar das solicitações feitas para que a licença fosse renovada, não obtivemos êxito. Atualmente não há nenhuma forma de rastreabilidade e localização dos aparelhos em uso”, admitiu a secretaria de educação de Rio Branco.
Segundo a pasta, sem o monitoramento, não há um número confiável de quantos tablets foram perdidos, roubados ou extraviados: “A percepção do extravio do equipamento só é percebida quando os pais ou responsáveis comunicam para a escola. Há casos em que familiares ficaram com a posse dos tablets ou mesmo não devolveram alegando perda ou roubo”.
A reportagem do ac24horas questionou à secretaria de educação quem é a pessoa ou órgão responsável pela decisão da não renovação da licença, mas não houve resposta.
Também perguntamos sobre a diferença dos números de tablets anunciados em 2022 (4.500) para os listados como entregues até 2024 (4.332). De acordo com a secretaria, o restante dos equipamentos estão armazenados.