O Comitê Chico Mendes divulgou neste domingo (25) uma manifestação pública em solidariedade aos participantes do protesto realizado durante a fala do governador Gladson Cameli, no encerramento da 15ª reunião do GCF Task Force, ocorrida na última sexta-feira, 23, na Universidade Federal do Acre, em Rio Branco.
Na nota, o Comitê denuncia a “truculência e repressão” praticadas pela segurança local contra os manifestantes, que interromperam o discurso do governador para protestar contra o avanço do agronegócio, a destruição da floresta e a política ambiental do governo estadual.
Segundo o relato de uma das participantes presentes no protesto, a abordagem da segurança evoluiu para agressões físicas: “Alguns sentaram, resistindo, e os seguranças começaram a usar da força, empurrando e puxando a gente. Os primeiros seguranças que falaram comigo foram até educados, mas a partir do momento que rolou uma resistência de outros militantes, eles partiram para a violência.”
A manifestante ainda descreveu um episódio de confronto: “Um deu um soco no ombro do menino, o menino revidou jogando uma garrafa na parede do centro de convenções. Dali em diante o caos já estava feito! Os rapazes resistindo e sendo agredidos, como vocês podem ver nos vídeos que estão circulando”.
Embora tenha afirmado não ter se envolvido diretamente na organização do ato, o Comitê repudiou “qualquer forma de violência, especialmente em espaços de participação ampla e democrática que se dizem voltados a discutir a consolidação do desenvolvimento sustentável”.
O Comitê ressaltou que a defesa da Amazônia, dos direitos dos povos e do meio ambiente é uma “necessidade urgente” e criticou o que considera uma tentativa de silenciar vozes que denunciam “os retrocessos ambientais, o avanço do desmatamento, das queimadas, da grilagem, da pecuária extensiva e do agronegócio predatório”.
“Protestar é um direito legítimo. Defender a Amazônia, os direitos dos povos e o futuro do planeta é uma necessidade urgente. Logo, qualquer tentativa de repressão violenta à liberdade de expressão é uma ameaça à democracia, defendida pelo governo do Acre no discurso de ontem, e precisa ser apontada criticamente”, afirma a nota.
O Comitê Chico Mendes também reiterou sua disposição para manter o diálogo com todas as instituições, governamentais e sociais, destacando que “a democracia começa com diálogo com a juventude e a juventude precisa ter a garantia de se manifestar e denunciar suas dores”.
A nota finaliza reafirmando o compromisso histórico da entidade: “Não negociamos a floresta, não silenciamos diante da injustiça, e não recuamos diante da violência. Nossa luta é e sempre será coletiva, pacífica, legítima e por justiça”.
O protesto ocorreu durante o discurso de abertura do governador Gladson Cameli, que foi interrompido por integrantes de movimentos sociais e ambientais. O governador afirmou que a gestão estaria aberta ao diálogo, mas ordenou a retirada dos manifestantes, o que resultou em confronto físico entre os participantes e a segurança do evento.