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Morte de adolescente de Feijó por suposta negligência causa comoção na Aleac: “merecemos respostas”

Foto: Sérgio Vale/montagem Rede Social
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A morte do adolescente feijoense, Diogo de Souza, de 12 anos, no último final de semana, repercutiu na sessão da Assembleia Legislativa nesta terça-feira, 20. Os deputados Edvaldo Magalhães (PCdoB), Antonia Sales (MDB) e Fagner Calegário discursaram criticando a precariedade do sistema de saúde no Vale do Juruá.


Magalhães relatou com indignação o caso do adolescente, que morreu após sucessivos atendimentos médicos considerados ineficazes no município de Feijó. O parlamentar descreveu os acontecimentos, classificando a situação como uma tragédia que expõe a gravidade da saúde pública na região.


Segundo ele, o adolescente sofreu um ferimento na panturrilha após cair de bicicleta no domingo do Dia das Mães. “Ele foi levado à unidade de saúde, recebeu curativo, medicação e foi mandado para casa. No dia seguinte, voltou com dores e inchaço, foi novamente atendido e liberado. Só depois de a situação se agravar muito é que conseguiram interná-lo”, relatou o deputado.

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Edvaldo contou que houve demora no processo de regulação para transferência e que o garoto acabou sendo preterido por outro paciente, ferido a faca. “Não se faz duas viagens, levaram um e deixaram o outro. Enquanto isso, a infecção avançava. Quando um profissional percebeu a gravidade, ficou mais de duas horas tentando convencer a regulação de que era um caso emergencial. Só após vídeos mostrando o estado do garoto, a equipe foi liberada. Quando chegou, teve que entubá-lo, mas já era tarde”, disse.


O parlamentar afirmou que Diogo já chegou sem vida à unidade de referência em Cruzeiro do Sul. “Não se sabe exatamente o momento da morte. A Secretaria de Saúde enviou uma equipe a Feijó, conversou internamente e depois divulgou uma nota tratando o caso como uma fatalidade. Eu não sou leviano, mas uma coisa eu afirmo com certeza: o garoto não morreu porque caiu de bicicleta. Ele morreu porque o sistema falhou”, afirmou Edvaldo.


Por fim, o deputado propôs que a caravana de fiscalização da Aleac inclua Feijó em seu roteiro. “A situação da saúde em Feijó é gravíssima. O que não pode acontecer agora é colocarem a culpa no garoto. Três altas médicas com uma infecção generalizada não são admissíveis. A sociedade merece respostas e os responsáveis precisam ser identificados”, concluiu.


Visivelmente abalada e chorando, a deputada Antonia Sales relatou o caso como um verdadeiro “via-crúcis” vivido pela criança e sua família, que buscou ajuda por diversas vezes, mas enfrentou a morosidade do sistema de saúde estadual. Segundo ela, o menino foi levado três vezes ao hospital e só foi internado na última tentativa. Mesmo assim, não resistiu e morreu a caminho de Cruzeiro do Sul.


“Esse garotinho poderia estar vivo. Ele não morreu pela queda da bicicleta, mas pela morosidade do atendimento. Se fosse filho de alguém importante, já teriam mandado um jatinho buscar. Precisamos de mais sensibilidade no TFD e na regulação”, afirmou a deputada.


Antônia Sales denunciou ainda a falta de sintonia entre os setores de regulação da regional do Juruá e de Rio Branco. Ela citou o caso de um senhor da comunidade Triunfo, no Alto Juruá, que há mais de um ano espera por uma cirurgia no quadril e não consegue atendimento. A justificativa dada é a inexistência de especialista em Cruzeiro do Sul, mas, ao entrar em contato com a Fundação Hospitalar, a deputada foi informada de que o procedimento pode ser feito em Rio Branco.


“Por que não há comunicação entre as regionais? Por que não se seguem os protocolos? Isso é inadmissível. O governador precisa intervir com urgência”, cobrou.


O deputado Fagner Calegário afirmou que foi procurado pela família da vítima ainda no sábado, e que desde então já era evidente a gravidade do caso, mas o atendimento adequado não foi realizado. “Eu fui procurado pela família no sábado, às seis da manhã. Desde aquele momento, já estava claro que se tratava de um caso gravíssimo. E o que vimos depois foi um constrangimento público. A nota da Sesacre não representa a dor dessa família, representa uma vergonha. E essa vergonha passa no crédito ou no débito?”, questionou o deputado, ao criticar a forma como a Secretaria de Estado de Saúde tratou o ocorrido em nota oficial divulgada após a tragédia.


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