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Dados do Google apontam que o Brasil é o segundo país com maior interesse em criptomoedas

Desde o fim de 2023, o Google Trends passou a mostrar o Brasil na segunda colocação global em interesse por Bitcoin, atrás apenas de El Salvador e à frente da Nigéria. No ponto de maior efervescência, o índice de popularidade bateu 85 pontos no Brasil (numa escala de 0 a 100), contra 100 em El Salvador e 78 na Nigéria.


O retrato do Google Trends

Mapeando as cinco unidades da Federação com maior volume de buscas, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul concentram mais de 60% dos acessos relacionados a Bitcoin. A verdade é que as criptomoedas hoje estão em foco, não apenas as mais famosas.


Termos como “USDT” e “stablecoin” vêm crescendo sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, segundo a própria ferramenta de tendências do Google. Esses dados corroboram a tese de descentralização do interesse. Não se trata apenas dos grandes centros financeiros, mas de um acontecimento que alcança todo o território nacional.


São três os fatores que ajudam a explicar a escalada nas buscas. O primeiro deles são os juros e a inflação. Com a Selic real ainda acima de 6% ao ano, é muito atraente buscar ativos descorrelacionados com a renda fixa tradicional. Também está a digitalização bancária.


Somente em 2024, mais de 65 milhões de contas foram abertas via Pix, de acordo com o Banco Central, facilitando a “porta de entrada” em exchanges locais. Por fim, o conteúdo educativo. Guias e materiais sobre tokens e o mercado cripto viralizaram nas redes sociais e reduziram a barreira de conhecimento para quem começa a investir.


Instituições e exchanges internacionais aceleram a adoção

O maior banco privado do país, o Itaú Unibanco, lançou em dezembro de 2023 um serviço que permite comprar Bitcoin e Ether diretamente pelo aplicativo. Quase simultaneamente, o Banco Central avançou no projeto-piloto do Drex, a versão digital do real, cujo sandbox envolve mais de 16 instituições financeiras.


A combinação de oferta bancária e debate regulatório dá ao investidor comum a sensação de que o setor deixou de ser “terra de ninguém” e passou a ocupar agenda oficial. Coinbase, OKX e Binance reforçaram operações em território brasileiro nos últimos 18 meses.


Foram atraídas por um mercado que transacionou quase $90 bilhões de dólares em cripto entre julho de 2023 e junho de 2024, segundo a Chainalysis. O relatório mostra que 68,7% do volume regional passa por corretoras centralizadas, mas em plataformas DeFi e em pagamentos com stablecoins atreladas ao dólar também está acontecendo um crescimento rápido.


Lições de outros países e o impacto na balança de pagamentos

El Salvador se mantém no topo graças à Lei Bitcoin de 2021 e ao recém-lançado Visto da Liberdade, que concede residência a quem aportar $1 milhão de dólares em BTC ou USDT no país. Já a Nigéria, que ocupava o segundo lugar em 2022, perdeu força quando parte dos usuários migrou para stablecoins como USDT.


Isso por buscar proteção contra a inflação da naira (a moeda do país) e driblar as restrições impostas pelo Banco Central nigeriano ao sistema bancário tradicional. Esses países são referências em adoção cripto para o Brasil. O Banco Central também revisou a metodologia da conta-corrente após orientação do FMI.


As compras externas de criptoativos, que somam mais de $12 bilhões de dólares, deixaram de ser classificadas como “importações” e passaram para a conta de capitais. O ajuste reduziu o déficit em conta-corrente do ano passado de $30,8 bilhões de dólares para $19,1 bilhões de dólares, melhorando a leitura do equilíbrio externo brasileiro.


Na edição 2024 do Global Crypto Adoption Index da Chainalysis, o Brasil aparece em 9º lugar no ranking mundial e lidera a América Latina em volume transacionado, ficando à frente de economias como Reino Unido e Turquia. Quatro países latino-americanos figuram no top 20 (Brasil, México, Venezuela e Argentina), mas o mercado brasileiro é o maior em valores absolutos.


A lei sancionada em dezembro de 2023, que tributa ganhos de brasileiros com cripto mantidos no exterior, marcou o primeiro grande passo regulatório após a aprovação do Marco Legal dos Ativos Virtuais um ano antes. O Banco Central promete, para 2025, normas específicas sobre stablecoins e custódia, enquanto a Receita Federal intensifica campanhas de orientação sobre declaração de cripto no IR 2025.


A Chainalysis registra que 70% das transações brasileiras em exchanges locais já envolvem stablecoins, indicador de que o investidor busca não apenas especulação, mas exposição ao dólar em meio à volatilidade do real. Ao mesmo tempo, o Reuters calcula que as importações de cripto cresceram 55% em 2024 na comparação anual, antes da mudança metodológica, mostrando que o capital estrangeiro continua encontrando caminho no país.


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