Durante a sessão ordinária desta quarta-feira (14), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) prestou uma homenagem ao ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, falecido recentemente, destacando sua trajetória política e humana como uma das mais inspiradoras da América Latina. Em seu discurso, o parlamentar também abordou a relevância das federações partidárias no Brasil, cuja origem remete à experiência da Frente Ampla uruguaia liderada por Mujica, e celebrou o recente acordo entre Brasil e China para a construção da Rodovia Interoceânica.
“Mujica soube resistir aos desafios mais penosos e se transformou em um homem de plena solidariedade e compromisso com a causa social. Ele inspira gerações com sua simplicidade, coragem e coerência”, afirmou. O parlamentar relembrou que Mujica passou mais de 15 anos preso, a maior parte em completo isolamento, e ainda assim saiu da prisão para se tornar símbolo de um modelo político baseado na ética, na sobriedade e na construção coletiva. “Se transformou em alguém que não só fez história no Uruguai, mas influenciou diretamente arranjos políticos importantes aqui no Brasil”, acrescentou.
Magalhães explicou que a experiência da Frente Ampla, coalizão política formada no Uruguai e liderada por Mujica, inspirou a criação das federações partidárias no Brasil, mecanismo proposto ainda na década de 1990 pelo então deputado Haroldo Lima (PCdoB). “Esse projeto ficou adormecido por muito tempo, mas há quatro anos ressurgiu e foi aprovado pelo Congresso Nacional, mesmo enfrentando resistência de setores conservadores que viam na proposta uma tentativa de salvar partidos pequenos diante da cláusula de barreira”, pontuou. Segundo ele, hoje, as próprias legendas com maiores bancadas estão formando federações e até promovendo fusões, como a anunciada entre União Brasil e PP, e a já concretizada fusão do PCdoB com o antigo MR-8.
O parlamentar ainda destacou que, diferente do modelo brasileiro, a Frente Ampla uruguaia vai além dos partidos políticos, agregando personalidades do meio acadêmico, movimentos sociais e lideranças da sociedade civil. “É uma construção política mais rica, mais inclusiva, que fortalece a democracia e amplia a representatividade social”, disse.
Ao final de seu discurso, Edvaldo Magalhães trouxe ao plenário o que classificou como “a melhor notícia das últimas duas décadas para o Acre”: o anúncio feito na China, durante encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, da construção da Rodovia Interoceânica. “Esse pacto tem dimensão histórica. A Interoceânica pode reposicionar o Acre estrategicamente no cenário internacional, conectando o Brasil ao Pacífico e abrindo novas possibilidades de comércio com os países asiáticos. Precisamos ter a exata noção do que isso representa para o nosso desenvolvimento”, destacou.
O deputado concluiu informando que, na próxima sessão ordinária, apresentará requerimento para a realização de uma audiência pública sobre o tema. “Vamos solicitar a presença do Ministério do Planejamento, onde estão concentradas as informações sobre os investimentos em infraestrutura firmados com a China. Quem sabe conseguimos trazer um diretor ou até a própria ministra. A Assembleia Legislativa já foi protagonista desse debate e precisa retomar esse papel na discussão sobre a Interoceânica”, finalizou.