Em discurso no plenário do Senado nesta quarta-feira, 14, o senador Márcio Bittar (União Brasil) criticou duramente o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, pela ‘exclusão’ do Acre do traçado da ferrovia que será financiada pela China. Segundo Bittar, o trecho que beneficiaria diretamente o Estado foi ignorado pelas autoridades federais.
“O presidente da Apex, ex-governador, ex-senador Jorge Viana, apareceu comemorando num vídeo que a estrada de ferro financiada pela China vai sair. Meu amigo Chico, as rotas que estão divulgadas pela ministra Simone Tebet excluem o Acre, o quadrante Rondon, que é a rota 3. A proposta é sair por onde já tem a BR-317, uma delas que corta o Acre, já sai em Assis Brasil, já tem asfalto. Eu já fui por lá”, relatou.
O parlamentar destacou que a proposta defendida por ele seria mais estratégica para o Estado, ao ligar o município de Cruzeiro do Sul à cidade peruana de Pucallpa, aproveitando a menor altitude da Cordilheira dos Andes naquela região. “A que nos interessa, a que deveria interessar a ele, que foi tudo pelo Acre, era a opção de sair para o Cruzeiro do Sul, aonde a Cordilheira é mais baixa, lá são 2 mil metros de altura, por onde passava no passado, muito distante, o rio Amazonas. A Cordilheira fez o rio Amazonas buscar outro caminho”, apontou.
Bittar foi enfático ao acusar o governo federal de marginalizar o Acre. “A Simone Tebet e o governo do PT, do Jorge Viana e da Marina excluíram o Acre. Pode ver, rota 3, quadrante Rondon. E o Jorge está comemorando o quê, rapaz?”, perguntou.
Para o senador, a integração via Cruzeiro do Sul é essencial para tirar várias regiões do isolamento. “Para o Acre, a saída que nos interessa é ligando o Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru. São só 200 quilômetros. Será que o Brasil não tem vergonha de dizer ou deixar entendido que precisa bajular outros países para ligar 200 quilômetros de asfalto? Isso é o que vai tirar Feijó, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, todo o Vale do Envira, todo o Vale do Juruá do isolamento”, pontuou.
Bittar também questionou a postura de Jorge Viana, que segundo ele deveria cobrar do governo federal um traçado mais benéfico ao Acre. “O ex-governador, que durante décadas o povo acreano que deu tudo o que ele pediu, atendeu, comemora o quê? Ele deveria exigir do governo dele, se ele tivesse coragem, da ministra Simone, do presidente que ele acompanha, que o quadrante Rondon fosse para o Cruzeiro do Sul”, pontuou.
O senador acreano ainda insinuou que Viana age por conveniência e falta de independência política. “Na verdade, ele está comemorando o fato de que o Estado, que lhe deu tudo, vai continuar isolado, como ele não tem coragem de criticar o governo a que ele serve e ganha muito bem por isso. Então, ele prefere vender uma imagem que a estrada de ferro vai passar pelo Acre, vai passar por onde já tem uma estrada, senhor presidente, e, aliás, por onde a cordilheira é mais alta”, encerrou.
Márcio Bittar encerrou sua fala demonstrando total desconfiança nas atuais lideranças. “Eu só acredito em outro governo, nesse eu não tenho a menor ilusão. Quando eu vejo um homem que teve tudo o que pediu do Acre, Jorge Viana teve tudo, ele quis ser prefeito, ele foi, ele quis ser governador uma vez, duas vezes, ele foi, ele quis eleger outro prefeito, ele elegeu, tudo o que ele pediu, o povo atendeu por mais de 20 anos”, observou.
“Quando eu vejo ele comemorar que a rota que a Simone Tebet anunciou não é a que interessa para o Acre, eu não sei mais onde nós estamos. Então, de fato, essa turma é blindada. Você vê, é o que eu escuto aqui todo dia, que o próprio governo gostaria de trocá-los todos, mas não troca. Eu digo mais: a Marina não é demissível para esse governo”, acrescentou.