Foto: Ricardo Stuckert/PR
A informação de que presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende indicar Wagner dos Santos, conhecido como Waguinho, para assumir a estatal Porto do Rio (PortosRio) está gerando desconfiança sobre o futuro da gestão da empresa pública. Isso porque o ex-prefeito de Belford Roxo (RJ) está ligado a diversas investigações por supostos crimes.
Em março deste ano, Waguinho passou a ser investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeitas de envolvimento em um esquema em contratos para compra de livros didáticos. Além disso, em janeiro, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) deflagrou operação contra desvios R$ 15 milhões em recursos previdenciários durante a gestão do político.
A reportagem apurou que a notícia da indicação de Wagner dos Santos para administrar a PortosRio gerou mal-estar na região e entre pessoas ligadas ao governo Lula. Pessoas que participam da política carioca, inclusive, não acreditam que o ex-prefeito tenha a responsabilidade e capacidade necessária para comandar o local por onde grande parte das mercadorias do estado chega.
Conforme noticiou a coluna Paulo Cappelli, do Metrópoles, uma considerável ala próxima ao presidente se incomodou e argumenta que Waguinho é unha e carne com o ex-deputado federal Eduardo Cunha. Quando presidente da Câmara, Cunha iniciou o processo de impeachment que culminou com o afastamento de Dilma Rousseff.
Na Operação Errata, Waguinho entrou na mira da apuração após a PF realizar busca e apreensão em vários endereços no dia 11 de fevereiro deste ano. Durante as buscas foram encontrados indícios de que também teria participação no esquema e, por isso, ele passou a ser investigado.
A maioria dos R$ 100 milhões em contratos para compra de livros didáticos foram assinados durante a gestão de Waguinho como prefeito de Belford Roxo.
Waguinho é casado com a deputada federal Daniela do Waguinho, ex-ministra do Turismo durante o governo Lula (PT), e foi prefeito de Belford Roxo por dois mandatos, de 2017 a 2024.
Investigação da PCRJ apurou que os valores foram transferidos de forma irregular para 539 beneficiários, a maioria sem qualquer vínculo legítimo com o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Belford Roxo (Previde). Os crimes teriam gerado desvios de R$ 14.931,079,00.
Os agentes destacaram que “entre os principais suspeitos estão ex-diretoras do Previde, apontadas como autoras das movimentações financeiras fraudulentas”. Elas foram nomeadas pelo ex-prefeito Waguinho.
“As medidas cautelares cumpridas nesta quinta visam a recuperação do patrimônio público e a coleta de provas que possam subsidiar a responsabilização de todos os envolvidos”, informou a Polícia Civil na época.
O Metrópoles não conseguiu contato com a assessoria de Waguinho para se manifestar a respeito da possível ida dele para o porto e as repercussões na região. O espaço segue aberto.