Reprodução
Em audiência realizada nesta segunda-feira, 12, Emerson Gomes de Lima, filho do prefeito reeleito de Bujari, João Edvaldo Teles de Lima, conhecido como Padeiro (PDT), admitiu que mentiu em uma declaração anterior entregue à Justiça Eleitoral.
Segundo o próprio Emerson, a denúncia que fez contra o pai foi motivada por desentendimentos familiares e por influência de adversários políticos. Padeiro é acusado de compra de votos pela chapa adversária, ligada ao União Brasil, partido do então candidato Michel Marques, que acabou sendo derrotado nas eleições de 2024.
Durante o depoimento, que durou mais de 20 minutos, Emerson inicialmente confirmou ter conhecimento das acusações de compra de votos, como consta no processo que menciona transferências via Pix e entrega de dinheiro em troca de votos. Ele relatou que, após deixar a casa do pai devido a conflitos pessoais, foi abordado por pessoas ligadas à oposição, que teriam se aproveitado da situação para envolvê-lo na denúncia.
“Fiquei com a consciência pesada. Realmente, eu fiquei com a consciência pesada por uma coisa que não é verdade. Porque isso não foi compra de votos. O senhor sabe que essas situações com esses valores não são compra de votos. Tenho certeza disso. Eu não fiz nenhuma compra de votos”, declarou.
No entanto, ao ser interrogado pelo promotor Dr. Mariano e por advogados das partes, Emerson se contradisse ao tentar esclarecer quem eram os beneficiários do dinheiro. Na declaração registrada em cartório, ele havia dito que os valores foram distribuídos a eleitores de Rio Branco, que se deslocaram até Bujari para votar, tendo inclusive marcado um encontro em um posto de gasolina para a entrega do “último pagamento”. Já na audiência, negou que os recursos fossem destinados a eleitores, afirmando que foram entregues a pessoas que trabalhavam na campanha, sem caracterizá-las como cabos eleitorais.
Em um dos trechos, o filho de Padeiro explicou como surgiu a ideia da declaração inicial, registrada em cartório. Emerson disse ter sido incentivado por uma terceira pessoa. “Essa ideia surgiu justamente do Michel [adversário de Padeiro]. Até porque, quando eu passei para ele, por meio do WhatsApp, os Pix que teriam sido feitos, ele conversou comigo e disse: ‘isso não vai servir’. Justamente porque eu falei pra ele que os Pix não eram de compra de votos. Isso aqui foi feito pra alimentação… ‘Ah, mas não vai servir, então você vai ter que fazer uma declaração’. Então foi ideia do Michel que eu fosse ao cartório fazer essa declaração”, afirmou o filho de Padeiro.
Ao descrever os acontecimentos do dia da eleição, Emerson confirmou o transporte de eleitores, mas negou qualquer ilegalidade. “Na questão de pagamento dos eleitores, eu acabei de dizer para o senhor que isso aí não era pagamento para nenhum eleitor. O senhor está colocando palavras que estão no processo, e eu estou dizendo que fiz isso combinado com o Michel. Eu só tratava de assunto com o Michel”, explicou.
Questionado se teria conversado com o pai antes de redigir a nova declaração, ele negou. “Não, eu só fiz o documento e entreguei para o doutor Robson. Nem com o meu pai eu estou falando ainda. Se o senhor perguntar se eu dei a bênção para o meu pai hoje, pode perguntar para ele. Eu não estou falando nem com o meu pai, doutor, para você entender”, revelou.
Ao fim da audiência, houve ainda um momento de tensão quando o advogado questionou se as pessoas transportadas também trabalhavam na campanha, o que poderia indicar o pagamento de cabos eleitorais ou uso indevido de estrutura partidária. “Eles eram eleitores e também eram trabalhadores com a gente. Trabalharam na campanha. Não eram nem cabos eleitorais. Simplesmente, eles estavam junto com a gente, trabalhando”, relatou.
Assista:
[This post contains advanced video player, click to open the original website]