Foto: Jose Luis Gonzalez/Reuters
A agência de refugiados da ONU no México fechou quatro escritórios no país e demitiu 190 pessoas devido à “grave crise de financiamento” enfrentada pela agência, disse o chefe do Acnur no México nesta terça-feira, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, cortou a ajuda externa.
“O Acnur teve que tomar decisões muito sérias este ano”, disse Giovanni Lepri, representante do Acnur no México, em uma mensagem aos repórteres, explicando que as operações da agência no México perderam 60% de seu orçamento.
No ano passado, o México esteve entre os 10 países com o maior número de pedidos de asilo do mundo, com quase 80.000 pedidos registrados pela Comissão Mexicana de Assistência aos Refugiados (Comar), informou o Acnur.
A maioria dos solicitantes era de Cuba, El Salvador, Haiti, Honduras e Venezuela.
O fechamento dos escritórios, incluindo escritórios nas cidades de Palenque e Tenosique, no sul do México, e um na grande cidade de Guadalajara, no oeste do país, gerou preocupação entre ativistas de imigração.
“Isso terá um impacto muito grande nas comunidades de migrantes”, disse José Maria Garcia, diretor do abrigo Juventud 2000, na cidade de Tijuana, no norte do México.
As operações do Acnur no México dependem muito do financiamento dos EUA, que foi afetado pelo congelamento do financiamento global de Trump.
Em 20 de janeiro, horas depois de assumir o cargo, Trump decretou uma pausa na ajuda externa para analisar se ela estava alinhada com as prioridades de sua política externa. Trump também decretou uma ampla repressão na fronteira entre os EUA e o México, com o objetivo de desacelerar a migração para os Estados Unidos.
Os cortes no Acnur também afetaram os abrigos para migrantes administrados pela Igreja Católica que dependem da agência da ONU para obter financiamento, disse Julio Lopez, diretor da Fundação Scalabrini do México.
“Os abrigos tiveram seus orçamentos reduzidos e, consequentemente, reduziram programas e projetos”, disse ele.
Ainda assim, ele acrescentou, “os abrigos continuam operando e apoiando os migrantes”.