Acre: um futuro que depende de vontade e decisão

Por
Irailton Lima

Sempre que penso nos temas para esta coluna, me ocorre o quanto posso colaborar, ainda que modestamente, para refletirmos sobre os caminhos possíveis da nossa terra e de nossa gente, em busca de realização pessoal e dignidade coletiva. Admito: a tarefa se torna mais difícil a cada dia, diante da intolerância política e do avanço do individualismo sobre qualquer preocupação social.


Ainda assim, o esforço é necessário. Nosso Acre só tem um caminho, e isso está cada vez mais claro para mim: é a ação do poder público, hoje e no futuro, que vai determinar as condições de vida da população. Por isso, nada é mais relevante no debate acreano do que discutir a qualidade da gestão, as escolhas de políticas e investimentos, o papel da governança e o funcionamento das instituições e agentes públicos.


Isso, claro, não resolve tudo. Outros fatores também pesam: a atuação das empresas, a qualidade das lideranças empresariais, a concentração financeira na capital e a fuga de recursos para fora do estado; a dificuldade de outros setores em competir com a especulação fundiária e a pecuária; o baixo apreço pela educação e pelo trabalho como horizontes de vida. São todos problemas sérios, mas nenhum se equipara, em impacto, ao desempenho do setor público.


E, em uma democracia, falar de gestão pública é também falar dos eleitores e das organizações políticas — duas realidades que caminham juntas.


É natural pensar: “Se precisamos de melhores eleitores para termos melhores líderes, estamos em apuros, pois isso exige a educação de gerações à frente”. Mas essa ideia é apenas parcialmente correta. Mesmo em contextos de baixa escolaridade e pobreza, é possível formar boas lideranças políticas, empresariais e sindicais, além de agentes públicos comprometidos. Como? Por meio de um pacto social e institucional que envolva setores diversos como a imprensa, os órgãos de controle da ação pública, as universidades, entidades empresariais e a sociedade civil organizada.


Uma grande conciliação capaz de estabelecer compromissos mínimos em temas como educação, integridade, combate à pobreza e fortalecimento do setor privado. Um alinhamento político-estratégico que obrigue prefeituras, o estado e as bancadas parlamentares atuarem a partir de uma visão comum sobre o futuro do Acre. Com metas claras para a superação da corrupção, pobreza extrema, geração de oportunidades para a juventude, apoio aos negócios privados, combate à violência contra as mulheres e a proteção da natureza.


Talvez você ache que sonho alto, embalado pelo meu eterno idealismo. Pode ser. Mas asseguro: alcançar esse pacto é menos difícil do que parece. Só depende da vontade e da decisão das pessoas que ocupam o poder.


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Irailton Lima