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O papado de Francisco, encerrado com sua morte nesta segunda-feira (21), foi um dos mais marcantes da história recente da Igreja Católica. Ao longo de seus 12 anos no comando do Vaticano, o líder argentino foi chamado por setores conservadores de “comunista”, “herético” e até de “anticristo”.
Os ataques vieram principalmente de grupos ultracatólicos, como nos Estados Unidos, incomodados com sua postura acolhedora às minorias, críticas ao capitalismo e defesa firme da proteção ambiental.
Para o bispo da Diocese de Rio Branco, Dom Joaquín Pertiñez, a reação negativa de parte da sociedade não apagou o papel transformador do pontífice. “Todo o mundo sente a falta desse líder mundial que foi o Papa Francisco em todos os sentidos: como grande defensor dos pobres, dos imigrantes, dos necessitados”, afirmou.
Francisco não hesitou em adotar posicionamentos que desafiavam as tradições mais rígidas da Igreja. Afirmou que pessoas LGBTQIA+ devem ser acolhidas — “Quem sou eu para julgar?” — e flexibilizou o acesso aos sacramentos para divorciados. Também denunciou o descaso com os pobres, os migrantes e o planeta, pautando sua liderança nas causas sociais.
O tom progressista do pontificado foi reforçado em documentos como a encíclica Laudato Si’, de 2015, sobre o cuidado com o meio ambiente; Fratelli Tutti, de 2020, sobre a fraternidade entre os povos; e Laudate Deum, de 2023, sobre a urgência climática. “Ele foi um grande defensor da criação, da casa comum, e lutou pela paz conversando com todos os chefes de Estado possíveis que aceitassem o diálogo”, lembrou Dom Joaquín.
Mesmo diante de críticas duras, Francisco manteve firme sua linha pastoral. Em 2019, respondeu aos ataques: “Rezo para que não haja cismas, mas não tenho medo”. Para o bispo acreano, essa coragem é parte essencial do legado do Papa. “Ele sempre quis ser muito fiel ao que o Espírito lhe inspirava e seguiu esse caminho até o fim.”