Foto: Whidy Melo/ac24horas
A Câmara Municipal de Rio Branco discutiu, nesta quarta-feira, 16, a possível retirada do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua – o Centro POP – da área central da capital. O tema foi abordado durante a “Tribuna Popular” da sessão de hoje.
A discussão, proposta pelo presidente da Casa, vereador Joabe Lira (União Brasil), e pelo vereador Samir Bestene (PP), reuniu representantes do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), integrantes do movimento de Pessoas em Situação de Rua, comerciantes e membros da comunidade em geral.
A proposta inicial prevê a realocação do Centro POP para bairros como Castelo Branco, Baixada da Sobral ou região da Floresta. A sugestão, no entanto, gerou reações contrárias de moradores dessas localidades e de comerciantes que temem os impactos da medida.
O presidente da Câmara, Joabe Lira, relatou a apreensão tanto de comerciantes do centro quanto dos bairros com os possíveis efeitos da mudança.
“Comércios estão fechando as portas, famílias estão perdendo seu sustento. Mas também não podemos impor um problema a outros bairros sem diálogo. Esta Casa cumpre o papel de ouvir os dois lados”, afirmou.
O promotor de Justiça Thalles Ferreira destacou que a mudança do Centro POP é resultado de uma decisão judicial e deve ocorrer próxima a equipamentos sociais, como postos de saúde e restaurantes populares, conforme prevê a política nacional.
“Não queremos causar sofrimento a nenhuma comunidade, mas também não podemos continuar criminalizando quem já é violentado todos os dias. Essas pessoas não merecem ser hostilizadas. Precisamos de solidariedade, não de confronto”, salientou o promotor.
O secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, João Marcos Luz, reforçou que a proposta visa criar um fluxo de acolhimento, com encaminhamento para serviços de saúde, trabalho e tratamento.
“Queremos mudar esse cenário, cumprir as políticas públicas, criar um fluxo para acolhimento, encaminhamento à saúde, trabalho e tratamento. Com união entre MP, TJ, Prefeitura e sociedade, encontraremos uma solução equilibrada, que atenda a todos”, destacou.
Representando os moradores da Baixada da Sobral, Lívio Veras defendeu que qualquer decisão sobre a instalação do Centro em outro bairro precisa ser discutida com a comunidade.
“É um problema sério, crônico, mas tem que ser debatido conosco. Não aceitamos que joguem isso aqui sem ouvir quem vive no local”, frisou.
Na outra ponta da discussão, comerciantes da região central afirmam estar sendo prejudicados com a permanência do Centro POP no centro de Rio Branco. A presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa), Patrícia Dossa, defendeu a realocação do espaço.
“Queremos que o Centro POP faça o trabalho dele. Não somos contra o trabalho social, mas esse local precisa ser escolhido a dedo”, pontuou.