Em entrevista ao ac24horas nesta segunda-feira, 14, o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos de Rio Branco, João Marcos Luz, confirmou que a transferência do Centro Pop para outro bairro é inevitável. O tema tem gerado debates e resistência por parte de moradores das regiões cotadas para receber a unidade.
Segundo o secretário, o Centro Pop — serviço especializado para pessoas em situação de rua — não se trata de uma casa terapêutica, mas sim de um espaço de apoio e encaminhamento. “O Centro Pop é, basicamente, um escritório de apoio a quem está em situação de rua. A pessoa procura o centro para tirar um documento, ser encaminhado à saúde, até mesmo para uma casa terapêutica, caso queira tratamento. Ele não é uma colônia para tratar pessoas com problemas”, explicou.
A atual estrutura do Centro Pop, de acordo com João Marcos, não oferece mais condições adequadas para o atendimento. “Hoje lá virou um espaço desorganizado, nem espaço para as pessoas se alimentarem tem. É uma estrutura toda rachada, que não dá condição nenhuma para o nosso colaborador atender bem ao cidadão”, afirmou.
Em um apelo mais direto, João Marcos Luz comparou a estigmatização das pessoas em situação de rua com o tratamento dado, no passado, a pessoas com hanseníase. “Lembra das pessoas que tinham hanseníase, que escondiam, tratavam como leprosa? A lei não permite mais. Isso é um problema da sociedade, não é da prefeitura, nem do governo, não. É de todos nós, nós não podemos esconder.”
O secretário também destacou que o local atual, situado na região central da cidade, sofreu um processo de desorganização que afastou os usuários que realmente precisam do serviço. “Não conseguimos mais vencer a turma ali do ‘papo’, que usa nossos serviços sem necessidade, afastando quem realmente precisa”, disse.
A mudança de endereço é uma decisão já pacificada e que conta com o acompanhamento do Ministério Público. No entanto, ele reconhece que a principal dificuldade é conscientização da população sobre a mudança. “Ninguém quer. Mas, a partir do momento que a gente explicar didaticamente o que é o Centro Pop, que será um local organizado e seguro, tenho certeza que as pessoas vão entender. Essas pessoas também são rio-branquenses, são seres humanos e estão precisando da nossa ajuda.”
Nesta terça-feira (15) está prevista mais uma audiência pública com moradores e representantes do Ministério Público. “Quem está dizendo que estamos querendo transferir o problema está faltando com a verdade. Nós queremos é resolver o problema. E nós vamos resolver”, finalizou o secretário.