Com previsão de colher 4.921 toneladas em 2025, o Acre aparece como o segundo maior produtor de café da espécie canéfora (robusta) da região Norte, atrás apenas de Rondônia, e já ocupa a 10ª posição no ranking nacional de produção, segundo levantamento recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O volume representa um salto em relação à safra anterior, que fechou em 2024 com 3.079 toneladas colhidas em 1.115 hectares de área plantada. Para 2025, a expectativa é de que a área cultivada alcance 1.734 hectares.
No Dia Mundial do Café, celebrado nesta segunda-feira, 14, o Acre comemora os avanços conquistados pela cadeia produtiva da cafeicultura, que já alcança 19 dos 22 municípios acreanos. Dentre eles, Acrelândia desponta como o maior polo produtor, responsável por mais de 58% do volume estadual e pela maior produtividade. O desempenho coloca o Acre entre os maiores produtores de café do país, com destaque crescente em concursos de qualidade e rodadas de negócios com o mercado internacional.
A produtividade média do Estado também impressiona com 46 sacas por hectare, conforme dados do IBGE referentes ao Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). A produção com uso de irrigação segue como diferencial, com 764 toneladas colhidas em 141 hectares irrigados em 2023, enquanto áreas não irrigadas produziram 2.101 toneladas em 882 hectares. A cotação atual da saca de 60 kg beneficiada gira entre R$ 1.930 e R$ 1.940, o que agrega um valor expressivo ao mercado interno acreano.
Segundo dados obtidos pelo ac24horas, em 2019, o Acre colheu 2.057 toneladas, número que foi aumentando ano a ano até atingir 3.079 toneladas em 2024.
Em entrevista ao ac24horas, o secretário de agricultura do Acre, Luis Tchê, destacou as políticas de incentivo implementadas pelo Governo do Acre. Segundo o gestor, foram investidos aproximadamente R$ 4 milhões em ações voltadas à melhoria da qualidade do café, incluindo a entrega de cerca de 800 mil mudas, 38 toneladas de adubo, 154 toneladas de calcário, 140 perfuradores de solo, duas plantadeiras de café de arrasto e dois secadores estáticos de fogo indireto. Além disso, 198 produtores foram diretamente atendidos, com capacitações técnicas para servidores e cafeicultores.
“O café do Acre é uma realidade. Já estamos entre os 10 maiores produtores do Brasil, com produção em 19 dos 22 municípios, e Acrelândia liderando com mais da metade desse volume. Em 2024, produzimos mais de 3 mil toneladas de robusta, e a expectativa para 2025 é de quase 5 mil. Investimos mais de R$ 4 milhões na cadeia produtiva, com entrega de mudas, insumos, máquinas e assistência técnica”, afirmou.
A aposta na qualidade, segundo o secretário Tchê, tem rendido frutos, como a segunda edição do concurso QualiCafé, realizada no ano passado, que premiou cafés robustos de alto padrão, impulsionando a valorização em mercados externos. Já a terceira edição que está em fase de preparação, com edital para patrocinadores já publicado.
Os cafés premiados no QualiCafé 2024 foram apresentados na Semana Internacional do Café (SIC), realizada em Belo Horizonte, com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) da Seagri, que garantiram passagens e hospedagem para os 15 melhores produtores.
“Também promovemos capacitações e valorizamos nossos produtores por meio do QualiCafé, que levou cafés acreanos para o mercado nacional e internacional. O Acre produz com qualidade, identidade e visão de futuro”, afirma o secretário de agricultura do Governo do Acre, Luis Tchê.
Durante a feira, quatro produtoras acreanas, Keyti Kety Espíndola Souza da Silva, Antonia Lima Kurvski dos Santos, Eliane Manzoli Cocco Lara e Marivânia Tavares Mendes Nascimento, estiveram entre as 20 finalistas do concurso nacional Florada Premiada, promovido pelo grupo Três Corações. Já o produtor Wagner Alvares figurou entre os 30 finalistas do Coffee of the Year 2024, consolidando o reconhecimento da qualidade do café acreano.
Outro ponto alto foi a participação na rodada de negócios Exporta BR, promovida pela Apex Brasil, em Cacoal (RO), onde 18 compradores internacionais degustaram e negociaram cafés especiais da Amazônia. Na ocasião, três cafés acreanos participaram do 3º Cupping e Negócios, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA/FAEMG), conectando diretamente cafeicultores locais a investidores.
Em uma conquista inédita para o mercado brasileiro em 2024, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), comandada por Jorge Viana, em parceria com o Ministério da Agricultura, fechou um dos maiores acordos de exportação de café com a China, envolvendo uma única empresa chinesa.
A Luckin Coffee, gigante do setor de cafés com 180 mil funcionários e movimentação anual de mais de R$ 7 bilhões, firmou a compra de R$ 2,5 bilhões em café brasileiro, estabelecendo o maior pedido já registrado na história do país.
Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil, celebrou a negociação, ressaltando que Rondônia e Acre agora passam a figurar no mapa mundial da produção de café. “Essa conquista coloca Rondônia e Acre no cenário global, abrindo caminho para que, a partir do próximo ano, o café robusto da Amazônia comece a ser exportado para a China”, afirmou à época. .
Além disso, o Acre deverá inaugurar, ainda neste primeiro semestre de 2025, o maior complexo industrial de beneficiamento de café da agricultura familiar da região Norte. Localizado no município de Mâncio Lima, no Vale do Juruá, o empreendimento conta com orçamento superior a R$ 9 milhões da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com contrapartida da Cooperativa dos Cafeicultores do Vale do Juruá (Coopercafé).
Segundo informações apuradas pelo ac24horas, a meta é audaciosa para a safra de 2025, estima-se a produção de 34 mil sacas de café, todas oriundas de lavouras cultivadas por pequenos e médios produtores do Juruá. Atualmente, mais de 1,5 milhão de pés de café já foram plantados por agricultores cooperados da região, muitos deles com produção em estágio avançado. O complexo, que contará com equipamentos de última geração, deve acelerar o beneficiamento e a padronização dos grãos, garantindo maior qualidade ao produto final e ampliando as possibilidades de inserção em cadeias de valor mais exigentes.
Além do impacto direto na produtividade e na geração de renda, o novo complexo industrial também deverá gerar efeitos sistêmicos na cadeia do café no Acre. Espera-se um aumento no número de produtores e de áreas cultivadas, bem como uma redução significativa de gargalos logísticos e operacionais que historicamente limitam o desenvolvimento do setor na região. Estimativas apontam que mais de 150 famílias e aproximadamente 1.500 pessoas serão diretamente beneficiadas até o final de 2025.