Marcelo Moura
O Acre enfrenta desafios históricos com a pobreza, marcada por índices elevados de desigualdade e dependência de recursos públicos. Dados recentes do IBGE apontam que cerca de 30% da população acreana vive abaixo da linha da pobreza, onde também 109 mil pessoas recebem auxílio público e apenas 87 mil trabalham com carteira assinada. Essa realidade, embora atenuada por políticas assistencialistas, revela a necessidade de mudanças estruturais para promover autonomia e desenvolvimento sustentável.
Nosso estado vive a saturação do modelo político/econômico atual, onde se fez por décadas o mais importante agente empregador. Esse modelo, que desde os anos 80 foi promissor de um status de segurança e poder de renda, agora jaz sobre uma previdência quebrada e inúmeros apelos coletivos por concursos públicos, aumentos ou incrementos de remuneração, chamamentos dos cadastros de reservas, e assim por diante. Acabou a grana, o poço secou.
A educação voltada para o empreendedorismo surge como uma solução estratégica. Ensinar jovens e adultos a identificar oportunidades, gerir recursos e inovar pode transformar o cenário local. O Acre possui riquezas naturais e culturais que, aliadas a iniciativas empreendedoras, podem gerar negócios em áreas como turismo ecológico, agricultura, artesanato de alto valor, comércio exterior, entre outras possibilidades. Programas de capacitação, educação financeira, acesso a crédito e incentivo à economia criativa são passos essenciais.
Investir na formação de uma mentalidade empreendedora não significa abandonar o apoio público, mas complementar essas ações com ferramentas que empoderem os cidadãos, diminuindo assim a fila dos necessitados. Assim, o Acre pode romper o ciclo de dependência, construindo um futuro onde a inovação e a autossuficiência sejam protagonistas.
Marcelo Moura é vice-presidente da Acisa.