Com a aproximação da Semana Santa, o tradicional consumo de peixe entre as famílias cristãs e evangélicas voltou a movimentar o comércio nas feiras e mercados de Rio Branco. A semana santa começa no próximo domingo, 13, com o Domingo de Ramos até o domingo de páscoa, no dia 20 de abril.
O repórter do ac24horas, David Medeiros, esteve na manhã desta quinta-feira, 10, no Mercado da Amadeo Barbosa, localizado no Segundo Distrito, em Rio Branco (AC), conversando com os próprios feirantes, que informaram que todo o pescado vendido na capital acreana vem do estado vizinho de Rondônia, mais especificamente de Porto Velho, devido à baixa produção local.
Em visita ao mercado durante o horário de almoço, com parte dos boxes ainda fechados, a reportagem encontrou José Custódio tratando uma matrinxã. “A expectativa está prometendo muito peixe, só que é de Porto Velho, não é do Acre. Matrinxã, curimatã, daqui vai ter muito pouco, porque não tem. Os criadores já desistiram de criar, entendeu?”, relatou.

Fotos : David Medeiros/ac24horas
Segundo ele, a cadeia produtiva local não consegue atender à demanda nem mesmo fora do período da Semana Santa. “Já era de Porto Velho. A gente já está trabalhando há muito tempo com peixe de lá, porque o daqui não tem produção suficiente. Se nós dependêssemos do peixe do Acre, já estaríamos parados, né? Porque não tem. E aí, graças a Deus, é Porto Velho que está mandando”, afirmou.
José lamenta que o Acre tenha perdido sua capacidade de produção de pescado. “Porque aqui tinha condições de produzir, né? Infelizmente, eu não sei o que acontece. Os criadores desistiram. Eles falam que a ração é muito cara, né? Estão sem condições de criar. Quando o peixe deles chega a 1 kg, 1,5 kg, eles já estão apertados para tirar. E dizem que não tem como continuar, porque o custo é muito alto. Aí fica nisso. Infelizmente, o peixe de lá chega mais barato que o daqui. O daqui está mais caro, porque dizem que a ração aqui é muito mais cara”, explicou.

Fotos : David Medeiros/ac24horas
O feirante também detalhou os preços praticados: o tambaqui está sendo entregue de Porto Velho a R$ 18 o quilo, mas chega ao consumidor final por um valor mais elevado. “O preço aqui está 23, bruto. Aí a gente limpa e sai a 30 conto, 30 e pouco, né? É o mesmo valor, só que já vai com o peso limpo. A 30 conto, 31, 32 conto”, detalhou.
Outra comerciante ouvida pela reportagem, Saionara Rodrigues, reforçou o cenário descrito por José Custódio. “As expectativas são boas. Que a gente venda bastante, porque o peixe é de qualidade. Vem de Rondônia. O rapaz traz um carregamento toda semana”, relatou.