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Com anistia empacada, Bolsonaro aposta em pressão das ruas com ato em SP

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O ato bolsonarista hoje à tarde, na avenida Paulista, em São Paulo, será usado como teste de força para a direita pressionar o Congresso a avançar no projeto de lei da anistia aos presos do 8 de Janeiro.


O que aconteceu


Após o protesto esvaziado no Rio e com o assunto travado na Câmara, a estratégia do bolsonarismo é mostrar que a anistia tem força nas ruas. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) afirma que a manifestação é “vital” para pressionar o Legislativo. Nas duas últimas semanas, o PL, partido de Jair Bolsonaro, tem se movimentado nesse sentido.

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Apesar da pressão bolsonarista, os caciques da Câmara sinalizam que a anistia não é prioridade. O presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) focou seus esforços em aprovar a lei de reciprocidade e na montagem da comissão que vai discutir a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês.


Os líderes de partidos também não demonstraram muito apoio à anistia. Em conversas reservadas ao longo da semana, eles disseram ao UOL que estão mais preocupados com temas econômicos e de segurança pública e com a liberação das emendas do ano passado que ainda estão represadas.


O único partido fechado com a pauta da anistia é o Novo, que tem somente quatro deputados —a Câmara possui 513 parlamentares. Diante do isolamento, o PL tenta que a adesão massiva ressuscite a proposta.


A insistência no tema tem gerado derrotas políticas ao partido. Houve adoção da obstrução, que é uma manobra para tentar travar as votações na Câmara. Mas o partido precisou desistir da estratégia duas vezes. Uma delas foi para votar a reciprocidade, medida que dá mais maneiras para o Brasil reagir ao “tarifaço” de Donald Trump, presidente dos EUA. Agir contra o projeto seria contrariar o agro, forte aliado da direita, que havia apadrinhado o projeto.


A expectativa entre os apoiadores do ex-presidente é que o ato em São Paulo seja maior do que o de Copacabana. “Não tenho dúvida de que domingo será muito maior. Deve dar recado para o Parlamento e ampliar os votos”, afirmou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, ao UOL.

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O pastor Silas Malafaia, organizador oficial da manifestação, também diz acreditar nisso. Entre os motivos citados pelo líder religioso está o fato de a avenida Paulista ter virado referência nos atos bolsonaristas para a direita e o tamanho da população da capital em comparação com a do Rio.


A extensa lista de políticos confirmados até a última quinta incluía os governadores Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Jorginho Melo (PL-SC). Também são esperados os senadores Sérgio Moro (União-PR), Rogério Marinho (PL-RN), Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Marcos Rogério (PL-RO) e Luiz Carlos Heinze (PP-RS), além de deputados federais, estaduais e vereadores de ao menos oito estados.


O roteiro do ato em São Paulo deve seguir a linha de sempre. Deputados, como Nikolas Ferreira (PL-MG), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), estão entre os que vão discursar. A líder da minoria na Câmara, Carol de Toni (PL-SC), vai estrear no microfone. O ex-presidente e Malafaia também vão falar com o público.


Próximo dali, a cerca de dois quilômetros, haverá a “Caminhada do Silêncio”. O ato, conhecido como uma forma de homenagem às vítimas da ditadura, terá sua concentração no antigo DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), conhecido como um local de tortura durante o regime militar, às 15h. O grupo encerra a caminhada no parque Ibirapuera.


O ato em defesa das vítimas da ditadura não contará com o apoio da prefeitura neste ano. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) vai oferecer apenas banheiros químicos e água aos participantes —o ato faz parte do calendário oficial da capital paulista. O prefeito participará do protesto em defesa dos presos pelos atos antidemocráticos.


Anos atrás, o tambor político do Brasil era o Rio de Janeiro, então os atos na Candelária, tudo era na avenida Rio Branco, na Cinelândia. Hoje, o tambor político é a avenida Paulista. O que acontece na Paulista tem uma repercussão grandiosa no Brasil, a nível político.


Mulheres e líderes evangélicos


O investimento para captar apoiadores e uma participação expressiva no ato tem sido alto. Na quinta-feira (3), Nikolas gravou um vídeo com a mesma estética utilizada no episódio sobre a portaria do Pix, mas desta vez para defender a anistia. Na sexta, 16 horas após a publicação, as imagens ultrapassavam 30 milhões de visualizações.


A direita também apostou em vídeos com mulheres e líderes evangélicos convocando para o ato em defesa da anistia. Michelle, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e outras referências femininas da direita aparecem em gravações vestindo camisetas brancas com a frase “Anistia Já” escrita em batom. Nas imagens, elas convocam as mulheres a levarem um batom para o ato.


É uma referência ao caso de Débora Rodrigues, que pichou “perdeu, mané” na estátua “A Justiça” com batom vermelho. O ministro do STF Alexandre de Moraes sugeriu uma pena de 14 anos para a cabeleireira, o que tem sido explorado por bolsonaristas como um exagero e abuso de poder do Supremo —o julgamento do caso está suspenso, enquanto ela cumpre prisão domiciliar.


Pastores, apóstolos e bispos também pediram por anistia aos presos pelos atos antidemocráticos. Nas imagens, o bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus Madureira, o apóstolo Renê Terra Nova, do Ministério Restauração, e os pastores Teo Hayashi, do movimento Dunamis, e Jorge Linhares, da Igreja Batista de Getsêmani, entre outros, aparecem dizendo “Anistia Já”. Em suas redes sociais, eles também compartilharam esse vídeo e convocaram os fiéis.


O movimento para atrair evangélicos começou na semana passada com Malafaia. Durante um evento com mais de 7.000 pastores, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, antes de abrir a Bíblia, defendeu a anistia e, numa tentativa de convencimento, disse que 30% dos condenados pelo 8 de Janeiro são evangélicos. “São irmãos em Cristo”, afirmou.


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