Fotos Mariana Alves/Iphan
Nesta terça-feira, 25, o grafiismo do Povo Huni Kuĩ que habitam o estado do Acre e Amazonas, recebeu do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o reconhecimento como patrimônio cultural do Brasil.
O Kene Kuĩ – conjunto de saberes e técnicas envolvidos na produção dos grafismos do povo Huni Kuĩ, originário da Amazônia Ocidental recebeu o reconhecimento durante a 107ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para decisões sobre registros e tombamentos de bens culturais, no auditório do Iphan Sede, em Brasília.
O povo Huni Kuĩ é originário da Amazônia Ocidental, na fronteira entre o Brasil e o Peru. Suas produções envolvem tecelagem, cestaria, pintura corporal, cerâmica, produção de redes e miçangas, entre outros objetos.
Foto: Mariana Alves/Iphan
Mais do que uma manifestação artística, o Kene Kuĩ é considerado uma linguagem visual que incorpora saberes sobre o universo cosmológico, as relações sociais, as práticas rituais e os modos de vida do povo Huni Kuï.
O pedido de registro do Kene Kuĩ no Livro dos Saberes foi feito ao Iphan no ano de 2006, por meio do documento assinado por 127 representantes de comunidades e organizações indígenas do povo Huni Kuĩ (Kaxinawá).
“É uma luta de muitos anos e um sonho coletivo realizado. Hoje o Iphan entregou o produto final que é o reconhecimento pelo estado brasileiro da nossa manifestação cultural”, disse o presidente da FEPHAC, Cacique Ninawa Huni Kuĩ.
Para o superintendente do Iphan no Acre, Stênio Melo, o reconhecimento dos grafismos do povo Huni Kuĩ resgata uma cultura milenar indígena. “É o primeiro patrimônio imaterial genuinamente acreano. É representado através da tecelagem, da pintura corporal e faz parte da subsistência do povo Huni Kuĩ. É o Iphan dando vida a quem merece ter vida”, disse.
A partir de agora, o corpo técnico do Iphan e os detentores do bem cultural, juntos, vão desenvolver políticas públicas para a proteção do Kene Kuĩ, como oficinas de salvaguarda, pesquisas de campo e consultas públicas, fortalecendo o desenvolvimento de formas de transmissão.