FOTO: SÉRGIO VALE
O Hospital do Rim, em parceria com a equipe do Afya Hospital Dia de Brasília, realizou a criação do 1º Centro de Acesso Vascular do Acre, uma estrutura fundamental para a realização de hemodiálise em pacientes renais crônicos. Durante a ação, 61 pacientes, com idades entre 13 e 70 anos, foram atendidos.
O Dr. Thiago Barroso, cirurgião vascular e endovascular, especialista em radiologia intervencionista e diretor médico do Centro de Acesso Afya Hospital Dia de Brasília, destacou que a iniciativa surgiu de uma parceria entre o serviço que ele coordena, a equipe do Afya Hospital Dia e o Hospital do Rim do Acre, localizado em Rio Branco.
Segundo o especialista, o objetivo foi criar um serviço que ofereça uma linha de cuidado para o acesso de diálises. “Os pacientes com doença renal crônica em estágio avançado precisam de uma terapia renal substitutiva, e a forma mais comum no Brasil é a hemodiálise. Para isso, é necessário um acesso vascular, que deve ser criado e monitorado por um cirurgião vascular. A parceria entre nefrologistas e cirurgiões vasculares é fundamental para um plano de gerenciamento eficaz desses pacientes, resultando em melhoria na qualidade de vida e no tratamento”, explicou o médico.
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Mais de 200 acessos vasculares já foram realizados no Acre, incluindo cirurgias de resgate
O Dr. Thiago Barroso destacou que, entre o ano passado e este ano, já foram realizados mais de 200 acessos vasculares, com um diferencial para cirurgias de resgate de acessos desfuncionantes e para o tratamento de condições mais complexas.
“Até o momento, foram realizados mais de 200 procedimentos cirúrgicos ao longo de quatro visitas, totalizando aproximadamente 20 dias de atuação. Além dos procedimentos tradicionais para a criação de acessos, um grande diferencial são as cirurgias para resgate de acessos desfuncionantes e o tratamento de condições mais complexas, como aneurismas em fístulas e edemas em membros, frequentemente associados a fístulas de longa data. Esses procedimentos fazem parte do que chamo de circuito da vida do acesso, fundamentais para recuperar acessos que se tornam disfuncionais, garantindo não apenas a qualidade do tratamento, mas também a qualidade de vida do paciente”, afirmou.
O especialista também ressaltou a importância do Centro de Acesso Vascular, que conta com uma equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões vasculares e de acesso, nefrologistas, enfermeiros e técnicos de diálise, além de profissionais de apoio, como fonoaudiólogos e nutricionistas. “Nosso objetivo é que todos os profissionais enxerguem o problema dentro de sua expertise, mas com um horizonte comum, estabelecendo metas únicas para a resolução e gerenciamento do acesso e do paciente. Como expliquei, o paciente só pode continuar seu tratamento se tiver um acesso funcional, mas, com o tempo, esse acesso pode apresentar problemas, como estenose – um estreitamento dos vasos. Por isso, é fundamental revisar e manter esse acesso ativo. Abandonar o acesso significa abandonar a vida do paciente, pois ele depende dele para sobreviver”, explicou.
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Barroso ainda destacou que o modelo ideal de atendimento envolve um time especializado e um centro dedicado a esses pacientes, dentro de um hospital de curta permanência. “Nosso trabalho tem permitido que, em mais de 95% dos casos, o paciente seja liberado no mesmo dia do procedimento. Isso garante mais conforto e segurança, além de otimizar o atendimento”, concluiu.
Especialista explica os tipos de acesso vascular realizados no Acre
O Dr. Thiago Barroso explicou os diferentes tipos de acesso vascular realizados em pacientes no Acre, fundamentais para a hemodiálise. Os principais são:
Catéter vascular: inserido diretamente em uma veia profunda, chegando próximo ao átrio direito do coração (câmara que recebe o retorno venoso do corpo).
Fístula arteriovenosa: tipo de acesso vascular utilizado na hemodiálise, especialmente quando pode ser confeccionado sem o uso de próteses.
Fístula arteriovenosa nativa: consiste na ligação cirúrgica entre uma veia e uma artéria, aumentando o fluxo sanguíneo na veia e tornando-a mais forte. Isso facilita a introdução repetida de agulhas para os tratamentos de diálise.
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“Basicamente, há duas opções de acesso para a hemodiálise. A primeira é o cateter vascular, que permite conectar rapidamente o paciente à máquina de diálise. No entanto, esse método tem desvantagens no longo prazo, pois pode causar obstrução nas veias, além de ter alto risco de infecção e necessitar trocas frequentes, já que entra em disfunção rapidamente”, explicou.
Segundo o especialista, a melhor opção para os pacientes é a fístula arteriovenosa, um acesso cirúrgico que liga uma artéria a uma veia, permitindo que a veia se fortaleça para suportar a hemodiálise. “Quando o paciente tem veias adequadas, utilizamos a própria veia do paciente, o que chamamos de fístula nativa. No entanto, com o tempo, as veias podem se desgastar devido a medicações intravenosas e outras condições. Quando isso acontece, utilizamos uma veia artificial, conhecida como prótese, formando a chamada fístula arteriovenosa protética. Os 61 procedimentos realizados incluíram tanto a criação de novos acessos quanto revisões e correções para garantir a qualidade do tratamento”, explicou.
Centro de Acesso Vascular representa avanço para pacientes renais no Acre, afirma nefrologista
A médica nefrologista Jarinne Nasserala afirmou que a criação do Centro de Acesso Vascular representa um marco histórico para o Acre, destacando a transformação na vida dos pacientes do Hospital do Rim. “Muitos pacientes não tinham mais expectativa de conseguir um acesso vascular, e isso é essencial para a sobrevivência deles, pois é por meio desse acesso que realizam a hemodiálise. Agora, eles têm essa possibilidade aqui no Acre”, ressaltou.
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Jarine enalteceu o trabalho do especialista Dr. Thiago Barroso e garantiu que, devido aos procedimentos realizados, cerca de 70% dos pacientes possuem acesso com a fístula arteriovenosa. Parte dos pacientes são do Alto Acre, Brasileia e Rio Branco, atendidos no Hospital do Rim. “Isso não tem preço para a gente. A primeira angioplastia foi feita aqui no Hospital do Rim, incluindo angioplastia de fístula arteriovenosa, correção de fístulas e recuperação de acessos inativos. Foi uma verdadeira revolução na nefrologia vascular. O Dr. Thiago foi o responsável por trazer esse feito histórico para o Acre”, afirmou.
Ela destacou que mais de 200 procedimentos já foram realizados durante as quatro visitas do especialista ao estado. “Esse avanço é fundamental, pois um indicador de qualidade de uma clínica é que pelo menos 70% dos pacientes tenham acesso por fístula arteriovenosa. Aqui no Acre, esse número estava muito abaixo do ideal, assim como em outras clínicas do Brasil. Hoje, conseguimos atualizar esse índice, garantindo mais segurança para os pacientes”, explicou.
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A médica também ressaltou a importância desse avanço para a qualidade de vida dos pacientes. “Com um acesso definitivo, eles terão maior expectativa de vida. Algo simples, como tomar banho, se torna possível, pois o cateter limitava essa ação. Além disso, há redução de infecções, anemia e internações hospitalares, o que pode facilitar um futuro transplante, permitindo que o paciente saia da hemodiálise”, concluiu.