O Agro do Acre, que movimenta bilhões, é tema de debate central no Bar do Vaz

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Da redação ac24horas

A edição do programa Bar do Vaz, comandado pelo jornalista Roberto Vaz, trouxe nesta quinta-feira, 20, uma discussão aprofundada sobre economia e agronegócio no Acre. O bate-papo contou com a presença do jornalista Itaan Arruda, editor do portal ac24agro.com, e do economista e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Orlando Sabino.


Durante a conversa, temas como exportação de carne bovina, expansão da produção de soja e os desafios da agricultura familiar foram abordados com detalhes. Itaan Arruda revelou os desafios de sua nova função como editor de um portal especializado no setor agropecuário.


“Para mim, essa descoberta sua foi também minha. Eu também estou me descobrindo nesse aspecto, porque me impus esse desafio. Saí da TV Gazeta, uma casa que me acolheu durante dez anos, construí muitos amigos lá, mas eu estava precisando de mudanças. Falar sobre agricultura, pecuária, extrativismo e os problemas que isso tudo cria para a gestão pública e privada é um desafio”, destacou.


Segundo Itaan, o agronegócio tem muitas nuances e precisa de uma cobertura mais apurada. “Descobri em uma semana e meia que falar sobre agricultura tem detalhes que eu nem imaginava. A pecuária é algo cheio de detalhes que são pouco informados. Precisamos fazer esse refinamento na informação”, pontuou.


O economista Orlando Sabino trouxe dados relevantes sobre o crescimento das exportações do Acre e destacou que a carne bovina vem ganhando espaço no mercado internacional. “Tínhamos uma participação muito pequena no mercado internacional, exportando majoritariamente miúdos de boi. Mas, com a liberação de frigoríficos para atuar no mercado externo, passamos a exportar a carne bovina efetivamente. Em 2015, exportamos 2,7 milhões de quilos de carne. Em 2024, o crescimento é de 93% nos dois primeiros meses do ano, e os bovinos tiveram um aumento de 1.001% nas exportações”, observou.


O professor também comparou o potencial do Acre com estados vizinhos. “Se compararmos nosso rebanho bovino com o de Rondônia e o que eles já exportam, percebemos que ainda estamos muito abaixo do nosso potencial. Com a ampliação do mercado externo, podemos crescer muito mais”, acrescentou.


Um dos pontos mais debatidos foi a necessidade de equilibrar o crescimento da agricultura empresarial com o fortalecimento da agricultura familiar. “A soja é para o grande produtor. A macaxeira, para o pequeno. A pecuária tem uma diversificação, com grande, médio e pequeno produtor. Do ponto de vista da distribuição de renda, é muito mais interessante”, salientou.


“Se olharmos os números do valor bruto da produção da agricultura, a mandioca gera dez vezes mais valor que outras culturas. Mas falta industrialização e qualificação da cadeia produtiva”, acrescentou.


Outro destaque foi o crescimento da suinocultura no Acre. Segundo Orlando Sabino, esse setor teve uma política pública bem-sucedida. “A política de incentivo aos suínos foi bem estruturada. Pequenos produtores foram incentivados a fornecer para frigoríficos. Mas o mercado cresceu mais do que a capacidade de produção local. Hoje, importamos mais da metade dos suínos exportados”, revelou.


Um dos entraves mencionados por Itaan Arruda foi a falta de estrutura para escoar a produção. “A produção agrícola não se resume a plantar e colher. Tem uma cadeia a ser seguida. Esqueceram de criar uma estrutura adequada para armazenar polpas de fruta. A maior cooperativa ficou com as câmaras frias lotadas e travou a comercialização”, pontuou.
Orlando Sabino destacou que o estado vive um momento promissor. “Estamos vivendo um segundo grande momento da economia do Acre. Produtos que antes patinavam estão emergindo como potências.O agro não é só para grandes produtores. O setor inclui pequenos agricultores, que representam a maior parte da população do Acre”, pontuou.


O economista Orlando Sabino destacou a importância do extrativismo para a economia do Acre e para a sobrevivência de muitas famílias no campo. “Não, não é moda. É que sustenta também muita gente do campo. Que a gente nem conhece. Nem conhece.” Como exemplo, ele mencionou o crescimento da produção de borracha nos últimos anos, impulsionado por parcerias estratégicas. “Por exemplo, você dá o exemplo da borracha. A borracha, você vê os estatísticos, ela está crescendo assim. No último ano, ela cresceu. Eu esqueci o percentual, mas eu tenho um artigo sobre isso. De maneira, assim, muito interessante. Por quê? A Cooperacre fez uma parceria com uma empresa de fábrica de tênis na França”, pontuou.


O economista citou a marca Veja, que utiliza borracha produzida no Acre, agregando valor ao produto. “A Veja que paga um subsídio espetacular. Então, ela diz, olha, esse tênis aqui é feito com borracha vindo lá produzida no interior da Amazônia. Lá no Acre, no interior da Amazônia. E dá uma agregação de valor fantástica nesse produto. Então, o preço da borracha passou de vamos dizer 10 dólares para 80 dólares”, acrescentou.


Para o empresário Roberto Vaz, o agro precisa ser visto não apenas pelos desafios, mas pelas soluções que pode trazer para o estado. “O agro é tudo. Precisamos discutir as ideias e encontrar soluções. O agro não é só para discutir problema, o agro quer trazer soluções”, afirmou.


O projeto ac24agro.com, recém-lançado, busca dar voz às diversas cadeias produtivas do estado. Segundo Itaan Arruda, editor-chefe, o foco da iniciativa está no produtor rural e nos desafios enfrentados pelo setor. “Quem esperava um site cheio de fotografias de boi surpreendeu. Porque a prioridade é para o agricultor de base familiar, pelo menos foi o que os fatos acabaram se impondo. Teve problema da polpa, teve várias situações que demonstram que tem muita coisa para ser resolvida”, explicou.


Já o economista Orlando Sabino destacou o impacto econômico do agro no estado. Dados recentes do IBGE apontam que cerca de 40 mil pessoas estão empregadas diretamente no setor.


“Vejam quantas famílias, mais de 30 mil famílias, sobrevivem ainda da produção rural. Então, gente, isso está mexendo com pessoas, com famílias, com sonhos. Daí a importância, por isso que eu louvo a iniciativa de vocês, de criar um espaço como esse que é fundamental, eu acho que, como eu disse, é uma questão estrutural já. Eu acho que isso entra já para discutir o futuro do agro, qual é o caminho do agro Esse tema aí, sem sombra de dúvida, vai sempre estar na pauta”, pontuou.


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