Categorias: Acre 01

A redução do Imposto de Renda e seus reflexos no comércio

Por
Artigo

Marcello Moura


Muito se comenta, nos últimos meses, sobre os efeitos da proposta de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, chegando a R$ 5 mil com isenção de 100%.


Na vida do brasileiro, a mudança deve impactar mais ou menos assim: uma professora que recebe R$ 4.867,77 e, atualmente, paga, por mês, R$ 305,40, referente ao Imposto, em 2026 pagará zero, uma economia de R$ 3.970,18 por ano. O ganho para essa professora chega quase a ser um 14º salário.


De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo ideal em 2025 deveria ser de R$ 7.067,68. Agora, já conseguimos ter noção sobre a necessidade de uma intervenção. Acredito que, quem ganha abaixo do que o DIEESE aponta, já faz parte da faixa de baixa renda.


Vamos agora observar o impacto dessa mudança para o comércio.


Sabemos que a pandemia Covid 19 trouxe impactos na saúde, como em poucos momentos da nossa história, com milhares de mortos e, até hoje, muitas pessoas com sequelas ainda em estudos.


As empresas também foram afetadas pela pandemia. A inflação causada pelo aumento dos custos de produção, naquele momento, seja pelo fechamento das fábricas e também pela quase interrupção da logística global, culminou em um efeito empobrecedor da população das classes de baixa renda.


A arrecadação federal, que contempla o Imposto de Renda e outros impostos, chegou a R$ 2.65 trilhões, em 2024, crescendo mais de 9% em comparação a 2023. Já a perda de arrecadação prevista com esse benefício, não passa dos R$ 26 bilhões, o que por si, não traz grande impacto no montante arrecadado.


Com renda líquida maior, espera-se que o brasileiro passe a consumir mais, principalmente alimentos, que tiveram os preços prejudicados por aumentos desproporcionais à renda. O comércio agradece a mudança.


Mas é preciso lembrar que, se a expansão monetária (impressão de mais dinheiro, que acontece quando o Governo Federal gasta mais do que arrecada) continuar, a inflação vai comer os R$ 300, e, consequentemente, a professora perderá esse benefício ou o efeito dele nas suas compras. Não queremos ver a nossa “garoupa” acompanhada de novas casas decimais, certo?


Enfim, a professora agora poderá saborear a famosa picanha que nosso presidente tanto gosta! Pelo menos por um tempo.


Marcello Moura é empresário, vice-presidente da Acisa e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Branco – CDL.


Compartilhe
Por
Artigo