Imagem: Reprodução
O IBGE divulgou no dia 26/02/2025 os dados do Censo Demográfico 2022: Educação: Resultados Preliminares da Amostra. Os dados trazem indicadores sobre frequência à escola ou creche, nível de ensino frequentado, nível de instrução da população, média de anos de estudo e área do curso superior de graduação concluído. Vamos analisar os dados do Acre, concentrando a análise nas pessoas que possuem formação superior, identificando quantos são, qual a sua formação e onde estão desenvolvendo suas atividades profissionais.
O Censo de 2022, identificou que num total de 830 mil habitantes no Acre, pouco mais de 10%, cerca de 84,3 mil tinham concluído uma graduação de nível superior. Outra informação importante é que, de 2000 a 2022, na população do estado com 25 anos ou mais de idade, a proporção dos que tinham nível superior completo cresceu 4,6 vezes: de 3,8% para 17,3% dessa faixa etária.
Como pode observado no gráfico a seguir, que em 22 anos (2000-2022), o crescimento de 4,6 vezes, superou o crescimento do Brasil (2,7 vezes) e o crescimento obtido pela Região Norte (4,4 vezes).
É importante destacar que no período, no Acre, a proporção da população preta com 25 anos ou mais de idade e nível superior completo cresceu 4,1 vezes no período, saindo de 1,9% em 2000 para 7,8% em 2022. No Brasil, essa proporção cresceu 5,8 vezes no período, saindo de 2,1% em 2000 para 11,7% em 2022.
Áreas de administração, direito, Educação e Saúde, representam 65,8% dos profissionais de nível superior do Acre
Na tabela seguir constam as áreas e os respectivos números dos profissionais de nível superior, destacando as principais profissões de cada área. A classificação das áreas e profissões foram utilizadas pelo IBGE que utiliza a Classificação Internacional Normalizada da Educação Adaptada para Cursos de Graduação e Sequenciais de Formação Específica do Brasil (Cine Brasil), desenvolvida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e Ministério da Educação (MEC).
Cabe observar que o censo identificou a existência de 2.615 profissionais acreanos de nível superior que entraram como graduação superior mal especificada, onde o recenseador não teve condição de enquadrá-los em nenhuma das 10 áreas da classificação utilizada pelo MEC.
Mais de 66% das pessoas que possuem nível superior desenvolvem suas atividades em Rio Branco
A análise do nível de concentração dos profissionais no território acreano, foram realizadas em quatro dimensões: A primeira, aqueles que desenvolvem sua atividades em Rio Branco, a capital do estado, que possui 44% da população estadual. A segunda os profissionalis localizados em Cruzeiro do Sul, o segundo maior município do estado, que possuí 11,1% da população. A terceira é formada pelos municípios de Xapuri, Epitaciolândia e Brasiléia, que juntos representam, 7,6% da população do Acre. Eles são os principais municípios do Alto Acre, regional que recebeu investimentos públicos e privados para instação de agroindústrias de suínos e aves, que apresentam participaçoes expressivas nos indicadores econômicos do estado. Finalmente, a quarta, os demais 17 municípios acreanos, que representam 37,4% da população acreana.
O gráfico abaixo, apresentam-se os resultados dos locais de atuação dos profissionais de nível superior nas quatro dimensões destacadas. Fica evidente o nível de concentração dos profissionais na cidade de Rio Branco. Para um município que representa 44% da população, a capital detém 66,4% dos profissionais de nível superior. Destaco áreas importantes que apresentam uma concentração ainda maior que a média, como a de computação e TIC, que chega a representar 85,6%. A de engenharia, produção e construção onde 80,8% dos profissionais atuam. Finalmente a alta concentração na área da saúde e bem-estar, onde 72,6% dos profissionais estão em Rio Branco. Dados emblemáticos na saúde, que retrata a concentração na capital, é quanto aos profissionais médicos, enfermeiro e odontólogos. Dos 1.977 médicos 67,7% estão em Rio Branco. Dos 1.122 odontólogos, 74,2% estão na capital e dos 3.432 enfermeiros, 70,9% estão em Rio Branco.
Em Cruzeiro do Sul, que abriga 11,1% da população estadual, detém somente, em média, 9,8% dos profissionais de nível superior. Áreas importantes como a Computação e TIC (2,4%), Engenharia, produção e construção (5%) e Ciências sociais, comunicação e informação (5,5%), são exemplos de áreas fundamentais com carência de pessoal especializado que são fundamentais para o desenvolvimento, não só de Cruzeiro, mas para toda a Regional do Juruá.
Nos três municípios do Alto Acre, áreas chave para a rede de apoio ao investimento agroindustrial como os serviços (1,2%), a computação e TIC (2,4%) e as ciências sociais, comunicação e informação (5,5%), demonstram parte da carência de profissionais na Regional. A futura instalação do Campus Fronteira da UFAC, previsto nos investimentos do PAC, deverá atenuar essa carência e contribuir para um maior dinamismo na região.
Esse panorama revelado pelo censo, é fundamental uma luta por uma maior desconcentração dos profissionais de nível superior no território acreano. Por ter um papel importante na questão, a UFAC tem um papel importante nesse cenário e precisa ser apoiada. Não somente no aumento da interiorização de seus cursos, mas também, uma revisão do seu portifólio de cursos, para que sejam mais ligados à demanda da sociedade acreana. Os governos do estado e dos municípios devem criar políticas de atração de profissionais nas áreas carentes. Criação de bolsa de incentivos à interiorização, destinadas aos profissionais e no redirecionamento dos concursos públicos para as áreas mais carentes, são exemplos de ações que podem ser implementadas.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas