O diretor do Sistema de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), Enoque Pereira, detalhou, nesta quinta-feira, 13, os desafios enfrentados pela equipe para recuperar o funcionamento das Estações de Tratamento de Água (ETA) I e II. Durante entrevista ao jornalista Whidy Melo, do ac24horas Play, na ETA II, o gestor explicou as dificuldades causadas pela força da correnteza do Rio Acre, que provocou o tombamento de flutuantes e danos a motor-bombas essenciais para a captação de água.
Segundo Enoque, a situação emergencial se arrasta desde o início da semana, exigindo trabalho intenso das equipes, muitas vezes até de madrugada, para tentar restabelecer o abastecimento. “Infelizmente, a situação aqui ocorreu de segunda para terça. Desde então, estamos trabalhando até tarde da noite. Eu estive aqui até meia-noite e já cheguei mais cedo também. Desde às três e meia estou acordado. E a gente lamenta a situação, mas é algo que ocorre por força da natureza”, afirmou o diretor.
As informações apontam que a principal dificuldade tem sido a retirada dos balseiros, troncos e detritos trazidos pela correnteza, que provocaram o tombamento dos flutuantes e comprometeram o funcionamento das bombas.
“Durante a noite, ocorreu a infelicidade de virar o flutuante por causa do balseiro. Ontem, às três da manhã, virou novamente. A gente ficou zerado de abastecimento, porque essa ETA já não estava operando desde terça-feira”, explicou.
Ainda segundo Enoque, apesar dos esforços para reativar a estação, a entrada de ar nas bombas dificultou o processo. “Aqui viraram três motor-bombas, dois motor-bombas e, lá, mais três. Estamos falando de cinco motor-bombas que deixamos de utilizar. Mas, por sorte e planejamento, já tínhamos bombas novas, zeradas, de fábrica, para auxiliar na correção até conseguirmos recuperar os motores que ficaram submersos”, destacou.
O diretor do Saerb evitou estipular prazos exatos para a normalização do abastecimento, destacando que o trabalho depende de fatores externos e de segurança. “Estamos trabalhando com previsão para normalizar, mas preferimos aguardar um pouco mais antes de anunciar um horário específico. Já erramos na previsão duas vezes porque contamos com fatores externos, como desbarrancamento e correnteza, que fogem do nosso controle”, justificou.

Foto: Whidy Melo
“Então, daqui a pouco, mais tarde, assim que avançar mais esse flutuante, a gente consegue ter um parâmetro de conclusão. A expectativa é que, pela madrugada, a ETA I possa funcionar, no máximo, até amanhã de manhã. A ETA II pode ter um pequeno atraso, e o funcionamento pode ocorrer apenas amanhã à tarde”, acrescentou Enoque.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários do Acre, Mauro Bezerra, denunciou, mais cedo, que trabalhadores do Saerb estavam atuando sem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e sem pagamento de horas extras. No entanto, Enoque rebateu as acusações, garantindo que os servidores recebem os materiais necessários e são devidamente remunerados.
“Isso já é uma coisa que está ficando um pouco chata em relação ao sindicato. A gente não trabalha sem EPI [Equipamento de Proteção Individual]. Se algum operador não está usando, já pedimos para notificá-lo e, se persistir, vamos tomar providências. A gestão fornece todo o material. Além disso, as horas extras são pagas religiosamente desde o ano passado. Se precisar, mostramos os contracheques como prova”, declarou.
Questionado sobre alternativas para minimizar os impactos das cheias e da forte correnteza, Enoque revelou que há um planejamento para realocar a captação. “Temos um recurso remanescente do governo do estado, no valor de mais de R$ 13 milhões, para fazer uma nova captação a cerca de 200 metros abaixo do ponto atual. Com isso, não teremos mais problemas com balseiros naquele local”, afirmou.
O gestor ressaltou que esse tipo de dificuldade não é exclusiva de Rio Branco, mas um problema recorrente em estados da região amazônica que dependem da captação de água diretamente dos rios.
“Muitos lugares no Brasil captam água de represas, onde não há correnteza nem balseiros. Já na Amazônia, todos os estados que usam água de rio enfrentam essa dificuldade todos os anos”, concluiu.
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