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Dólar reverte perdas e avança, mesmo sob incertezas nos EUA; bolsa recua

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CNN Brasil

O dólar à vista reverteu as perdas do início do pregão desta segunda-feira (10) e passou a avançar ante o real. Investidores seguem com cautela em relação a uma possível recessão na maior economia do mundo, após o presidente norte-americano Donald Trump declarar não descartar essa possibilidade.


Às 14h18, o dólar à vista subia 0,46% ante o real, a R$ 5,8140 na venda.


No mesmo horário, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, recuava 0,35%, a 124.601,28 pontos.


Trump minimizou as oscilações do mercado em relação à política tarifária em curso, em entrevista exibida no canal Fox News no domingo (9). O republicano se esquivou de fazer um diagnóstico sobre uma possível recessão e disse que as mudanças que está implementando levam tempo.


Os principais índices de ações dos EUA também caíam acentuadamente nesta segunda-feira.


Por volta do mesmo horário descrito acima, o índice Nasdaq, que reflete as ações das principais empresas relacionadas ao setor de tecnologia, recuava 3,75%, aos 17.513,54 pontos. Já o S&P 500 tinha queda de 2,36%, aos 5.631,01 pontos, enquanto o Dow Jones tinha baixa de 1,49%, aos 42.164,94 pontos.


Donald Trump


O presidente Donald Trump não descartou a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, em meio à implementação de suas políticas econômicas. Questionado no programa “Sunday Morning Futures”, da Fox News, sobre a previsão uma retração da atividade econômica americana, o republicano se esquivou da pergunta.


“Eu odeio prever coisas assim. Há um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo riqueza de volta para a América. Isso é uma grande coisa. E sempre há períodos de — leva um pouco de tempo. Leva um pouco de tempo, mas acho que deve ser ótimo para nós”, disse, na entrevista que foi exibida no domingo.


Trump também minimizou a recente reviravolta no mercado de ações, decorrente da imposição e ajuste de tarifas, e defendeu a sua estratégia.


Contexto externo


Nesse último ponto, as atenções dos mercados globais estão voltadas para a política comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem ameaçado constantemente parceiros do país com a implementação de tarifas de importação, mas recuado também com certa frequência.


As mais recentes notícias sobre o assunto se referem às ameaças de Trump sobre Canadá e México, com o presidente dos EUA isentando por um mês das tarifas de 25% que ele havia imposto sobre os dois vizinhos os produtos que se enquadrem em um pacto comercial da América do Norte.


Em meio à incerteza comercial, com dúvidas sobre quais tarifas prometidas por Trump realmente entrarão em vigor, investidores têm tido dificuldades em definir para qual direção seguir nos mercados de câmbio.


O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,01%, a 103,680.


Agentes financeiros ainda demonstram cautela ao tentar projetar os próximos passos do Federal Reserve em seu ciclo de afrouxamento monetário, à medida que uma série de relatórios têm mostrado sinais de desaceleração da economia norte-americana.


Na sexta-feira, em discurso em uma conferência, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central será cauteloso para ter certeza de que sabe o que está acontecendo no país, sem necessidade de apressar qualquer corte nos juros.


Operadores continuam apostando em três cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, com a retomada das reduções prevista para junho.


Brasil


Já no cenário doméstico, a preocupação do mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


O governo anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.


Em relação a projeções, analistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus voltaram a subir a expectativa de inflação para 2025, com a mediana do levantamento agora mostrando alta de 5,68%, ante ganho de 5,65% na semana anterior.


Na frente de dados, os mercados analisarão nesta semana dados de inflação ao consumidor tanto nos EUA como no Brasil, com a divulgação de ambos na quarta-feira.


“Após números de inflação ao consumidor (nos EUA) piores do que o esperado em janeiro, o relatório de fevereiro será altamente significativo para avaliar se o processo de desinflação estagnou ou se o pico de janeiro foi uma distorção sazonal”, disseram analistas do BTG Pactual em relatório.


Qualquer resultado que distoa das expectativas de economistas pode alterar significativamente as apostas de operadores sobre a trajetória dos juros no BC e no Fed, o que impacta diretamente nos mercados de câmbio.


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