O fantasma da Oca

Por
Francisco Braga

No ano de 2010, pouco depois da inauguração da OCA em Rio Branco (cidade cheia de coisas e casos, por vezes engraçados) rodou uma notícia tão aterradora que abafou a fofoca sobre o fim da aposentadoria vitalícia para ex-governadores.


O factoide (publicado nos principais periódicos do Estado) dava conta da aparição de uma alma penada pelas salas do recém-inaugurado prédio da, diga-se de passagem, excelente Central de Serviços Públicos da capital do Acre. Escrevi este poeminha à época:


Aí, a única atendente da OCA que ficou,
Que de seu guichê na carreira não saiu,
diante da aparição, que todo mundo viu,
Profissionalmente, ao fogo fátuo indagou:


Em que posso estar ajudando, cidadão?
Diga seu nome, RG, CPF, de onde vem,
CIC, PIS/PASEP, e-mail e C.U. Também.
O que quer, entre os vivos, assombração?


Venho das profundezas do sono eterno,
Bruscamente acordado da perpétua cama
Por alarido tal, que nem tirei meu pijama
Até esqueci documentos, sapato e terno.


Quero saber se procede nefanda notícia,
Que tem me tirado o sossego, meu amor.
Me chamo Legião. Diga que não acabou,
Que ainda tenho aposentadoria vitalícia!


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Francisco Braga