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Hospital do Rim realizará semana de prevenção e cuidados renais de 9 a 16 de março

Por
Saimo Martins

A tradicional Semana do Rim será realizada pelo Hospital do Rim nas cidades de Rio Branco e Brasiléia, com a capital sendo o principal foco das atividades, que ocorrerão entre os dias 9 e 16 de março. Em 2024, a ação foi promovida em Sena Madureira, Brasiléia e Rio Branco. Já em 2025, o foco estará em Rio Branco, enquanto Brasiléia contará com palestras na Clínica do Rim.


Jarinne Nasserala, diretora técnica do Hospital do Rim, explicou a logística da programação, destacando que a abertura acontecerá no dia 9 de março com uma corrida no Ipê, e o encerramento será marcado pela 4ª Pedalada do Rim, com saída do hospital e chegada no Centro Universitário Uninorte. A profissional ressaltou que a Semana do Rim foi idealizada pelo Hospital do Rim em alinhamento com a campanha da Sociedade Brasileira de Nefrologia, que instituiu o Dia Mundial do Rim em 13 de março, sempre na segunda quinta-feira do mês.


A programação inclui, no dia 15, um torneio de vôlei na Life Arena. Já no dia 12, haverá o “Dia D”, com uma ação social que oferecerá exames e aferição de pressão. No dia 13, será realizado um simpósio em parceria com a Uninorte. Além disso, a agenda da Semana do Rim contará com um adesivaço no Lago do Amor e doações de sacolões, cuja quantidade será definida pelos patrocinadores. “É uma iniciativa mundial para alertar a população sobre os riscos da doença renal crônica, incentivando a prevenção e a realização de exames para identificação precoce da doença e início do tratamento adequado. Durante a Semana do Rim, realizamos diversas atividades, como corridas, pedaladas e palestras, para conscientizar a população acreana sobre os riscos da doença renal crônica e como se prevenir”, explicou.


Jarinne destacou, ao longo da entrevista, os cuidados necessários para a prevenção da doença renal, que incluem o diagnóstico precoce por meio do exame de creatinina. Além disso, ela alertou sobre os principais sintomas da doença, muitas vezes silenciosa. “A primeira forma de prevenção é o diagnóstico. Sempre alertamos a população sobre a necessidade de realizar exames, mesmo sem apresentar sintomas, pois a doença renal crônica é silenciosa. Isso é ainda mais importante para grupos de risco, como hipertensos, diabéticos e pessoas com histórico familiar da doença, que precisam fazer o exame de creatinina. Os sintomas, muitas vezes, são discretos, como inchaço nos pés, aumento da pressão arterial e a necessidade frequente de urinar à noite. Muitas pessoas acham que acordar várias vezes para urinar é normal, mas não é, pois a noite é para dormir, não para urinar. Isso pode ser um sinal de que o rim está perdendo sua capacidade de concentrar a urina. O aumento de peso e a obesidade, que hoje são problemas globais, assim como o descontrole da glicose, também podem indicar a presença da doença renal crônica”, ressaltou.


A diretora técnica afirmou que o hospital atende mensalmente cerca de 230 pacientes que realizam tratamento por hemodiálise e explicou os estágios da doença. “Atendemos pacientes que já estão no último estágio da doença renal crônica, que é quando precisam da hemodiálise. Atualmente, temos aproximadamente 230 pacientes em tratamento mensalmente no hospital. No entanto, sabemos que esse é o estágio final da doença. Antes de chegar à hemodiálise, o paciente passa por quatro estágios, muitas vezes sem perceber. São cinco estágios da doença renal crônica. No estágio 1, a pessoa não apresenta sintomas, mas pode ser hipertensa e ter perda de proteína na urina, sendo essencial o exame de urina, pois a creatinina ainda estará normal. No estágio 2, a função renal varia entre 60% e 90%, indicando perda de função, mas com sintomas leves, como aumento da pressão arterial, descontrole da glicose, obesidade e inchaço. No estágio 3, a função renal fica entre 30% e 60%, e os sintomas se tornam mais evidentes, incluindo cansaço, insônia e irritabilidade, embora a pessoa nem sempre associe isso ao rim”.


A profissional acrescentou que no estágio 4, a função renal está entre 30% e 15%, e os sintomas já são mais intensos. “O paciente sente fraqueza, anemia e falta de energia devido ao sangue mais ácido. Nessa fase, ele já busca ajuda médica, mas muitas vezes não relaciona os sintomas ao rim, pensando estar com gastrite ou apenas anemia. Infelizmente, muitos só descobrem a gravidade quando chegam à emergência no estágio 5, já com falta de ar, inchaço extremo, vômitos e incapacidade de se alimentar devido ao acúmulo de impurezas no organismo. Nosso desafio é identificar os pacientes antes que cheguem aos estágios 4 e 5. Ainda não conseguimos incentivar a procura por atendimento nos estágios iniciais (1, 2 e 3), que é justamente o foco da campanha: evitar a progressão da doença e garantir que o diagnóstico ocorra precocemente”, destacou.


Hospital do Rim realiza dois transplantes renais bem-sucedidos em 2025


Devido à reforma do centro cirúrgico da Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), a diretora técnica Jarinne Nasserala celebrou a realização de dois transplantes renais no Hospital do Rim no último dia 10 de janeiro. Os procedimentos beneficiaram um homem e uma mulher, ambos receptores de órgãos doados pela família de uma mulher recém-falecida. Os transplantes foram autorizados pelo Ministério da Saúde, e a médica destacou a capacidade técnica da equipe na condução das cirurgias.


A coordenadora ressaltou que, em parceria com a Fundhacre, o hospital realizou quatro transplantes renais em 2024. Desde 2006 até 2025, já foram realizados 102 transplantes no estado em parceira com o governo. “Desde o ano passado, assumimos a coordenação dos transplantes renais, e, em parceria com a Fundhacre, conseguimos realizar quatro procedimentos em 2024. Para nossa satisfação, este ano já realizamos dois transplantes no Hospital do Rim. Foram os primeiros do ano, e, até o momento, ainda não houve transplantes de fígado. Por questões técnicas, o centro cirúrgico da Fundhacre não estava adequado, e, por isso, recebemos autorização do Ministério da Saúde para realizar os procedimentos aqui. Graças a Deus, foi um sucesso. Os pacientes já tiveram alta, o rim está funcionando, e ambos saíram da diálise. Um deles tem 30 anos e a outra, 33. Eles estavam em estágios avançados da doença renal e faziam diálise há mais de um ano. Após receberem os órgãos, o funcionamento dos rins foi imediato, e já não precisam mais da diálise”, destacou.


Transplantes no Hospital do Rim são a realização de um sonho, diz diretora técnica


Com cerca de 20 profissionais envolvidos no procedimento, a diretora técnica Jarinne Nasserala afirmou que a realização dos transplantes no Hospital do Rim foi a concretização de um sonho. Ela destacou a importância do feito e elogiou a equipe envolvida. “É um sonho que realizamos e um passo importante para conseguirmos a habilitação do Ministério da Saúde, permitindo a realização de mais transplantes aqui. O transplante é um procedimento muito sério, que exige toda a documentação e autorização do Ministério. Vamos buscar essas autorizações para que, no futuro, possamos ser um hospital completo, oferecendo desde consultas e hemodiálise até o transplante. Assim, o paciente que chega com problemas renais poderá receber atendimento completo até alcançar o transplante. Contamos com um excelente cirurgião-chefe, responsável pela equipe de transplantes e também por diversas cirurgias urológicas, como procedimentos para cálculo renal, pedra nos rins e próstata. Nosso objetivo é garantir um atendimento integral, desde o diagnóstico até a solução definitiva”, afirmou.


Incentivo à doação de órgãos


A diretora técnica ressaltou ainda a importância da doação de órgãos, destacando seu impacto na vida dos pacientes. “É fundamental incentivar a doação de órgãos. Além de fortalecer a prevenção das doenças renais, buscamos conscientizar a população sobre a importância da doação. Através de ações como a Semana do Rim, a pedalada e a ciclada, reforçamos hábitos saudáveis e a necessidade do cuidado com a saúde. Infelizmente, algumas pessoas já se encontram em estágios avançados da doença e dependem de um transplante. Por isso, precisamos incentivar a doação para que possamos salvar vidas. Vale destacar que Rio Branco e o Acre estão se tornando um polo de referência em transplantes na região Norte”, concluiu.


Acre tem padrão de qualidade em transplantes renais, afirma urologista


Etone Andrade

O doutor Etone Andrade, urologista e responsável pela equipe cirúrgica dos transplantes renais, destacou que o hospital oferece toda a estrutura necessária para a realização dos procedimentos. “Tudo o que precisamos para os transplantes está disponível aqui no hospital, incluindo medicamentos. A Jarinne, nesse sentido, é incansável na viabilização desses procedimentos. Temos orgulho de oferecer um serviço de qualidade, que não deixa nada a desejar em relação aos grandes centros do Brasil. O volume de pacientes é menor porque não há uma grande demanda, mas a estrutura e a equipe garantem um atendimento de excelência”, declarou.


Andrade reforçou que o Acre não fica atrás das grandes metrópoles do país quando o assunto é transplante de rins.“É claro que realizamos transplantes em menor quantidade, mas, proporcionalmente, nosso serviço não deve nada aos grandes centros. Existem estados no Brasil que sequer realizam transplantes, e o Acre está à frente de muitos deles. Na Amazônia, além do Acre, apenas Amazonas e Pará realizam transplantes renais regularmente. Rondônia já teve um bom serviço, mas está temporariamente suspenso. Inclusive, há estados no Centro-Oeste que não realizam o procedimento”.


E acrescentou: “Aqui, contamos com uma equipe altamente qualificada, um hospital com total suporte e todos os materiais necessários para garantir um procedimento seguro e eficaz. Todos os pacientes transplantados até agora ficaram satisfeitos, e os procedimentos transcorreram conforme o planejado, sem intercorrências. Acredito que nossa equipe é muito criteriosa, tanto a Jarinne quanto eu. Somos detalhistas e exigentes, porque sabemos que se trata de um procedimento delicado. Essa parceria tem sido um grande sucesso”, opinou.


Sobre os dois transplantes realizados no hospital, Andrade destacou que os procedimentos foram bem-sucedidos. “Foram transplantes extremamente bem-sucedidos. Os pacientes não precisaram passar por hemodiálise após o procedimento, o que é uma particularidade da nossa região. Isso difere do restante do Brasil, onde é comum que o paciente diálise após o transplante. Nossa realidade é diferente porque conseguimos realizar a captação dos órgãos e o transplante em um curto espaço de tempo, reduzindo o período de isquemia. Isso aumenta significativamente o sucesso do procedimento. Até agora, nenhum paciente precisou de hemodiálise pós-transplante, o que reforça a qualidade do trabalho que estamos realizando”, concluiu.


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Saimo Martins