O representante dos motoristas de aplicativos, que somam cerca de 3 mil condutores em Rio Branco, Paulo Farias, foi o entrevistado do programa Bar do Vaz nesta quarta-feira, 29. Ele falou sobre a polêmica portaria nº 061/2025, que regulamenta o serviço de transporte remunerado privado individual de passageiros na capital acreana e sugeriu a criação de uma plataforma municipal para que os motoristas de aplicativos possam trabalhar regularmente.
Farias iniciou a entrevista mencionando que a categoria aguarda uma liminar impetrada pelos advogados do vereador Leôncio Castro (PSDB) sobre o tema. Em sua opinião, todos os condutores merecem um trabalho digno. “No meio da pandemia, em 2020, surgiu o Moto Uber. Sim, na plataforma 99, Uber e Maxime criaram a opção de moto para os clientes, cadastrando motoristas com habilitação A ou B. A partir disso, o poder público nos estados começou a questionar a legalidade desse serviço, alegando que os motoristas de Uber Moto são irregulares. Mas essa questão vem sendo debatida judicialmente, e muitos estados já trabalham sob liminar. Na verdade, somos trabalhadores, pais de família. A Constituição Federal, no artigo 5º, diz que todo trabalho é digno, e o artigo 170 trata da livre concorrência. Então, acredito que todos temos direito a um trabalho digno”, explicou.
Paulo também criticou a proposta da RBTrans de abrir 300 vagas para mototaxistas, afirmando que a medida não contempla a categoria. “Isso não agrada nem os clientes. Nosso serviço está atrelado à tecnologia. Se estiver chovendo, por exemplo, o passageiro não vai sair na chuva até um ponto de mototáxi, ele vai chamar pelo aplicativo. Curiosamente, quando chove, as corridas de moto aumentam, pois o Uber Carro entra em tarifa dinâmica e a corrida de carro fica mais cara”, disse.
Farias ressaltou que algumas plataformas de aplicativo já adotam sistemas de medição de velocidade. “Uma das plataformas inovou recentemente e implementou um medidor de velocidade, um tipo de tacógrafo, dentro do próprio aplicativo”, comentou.
Durante a entrevista, ele também criticou as condições de ônibus e mototáxis em Rio Branco, afirmando que muitos não passariam em uma fiscalização rigorosa. “Estive próximo ao terminal e observei algumas motos e ônibus. Vi que muitos não oferecem condições seguras para transportar passageiros. Se fossem submetidos a uma vistoria rigorosa, muitos não seriam aprovados. A lei 2.310/2018 determina que os veículos de mototáxi passem por inspeção e tenham o taxímetro instalado. No entanto, 90% não cumprem essa exigência. A prefeitura alega que o Ministério Público está pressionando para nos retirar das ruas, mas pergunto: e o princípio da isonomia? Os ônibus operam sem licitação e nós, que estamos na mesma situação, somos os únicos questionados?”, argumentou.
Paulo também revelou que há um projeto para a criação de uma plataforma municipal que poderia gerar receita para os cofres públicos. Farias também criticou a falta de união entre os motoristas de aplicativo. “Infelizmente, a categoria não está unida e, por isso, ainda não conquistou avanços significativos. Muitos aparecem como ‘salvadores da pátria’, mas, na hora de dialogar com as autoridades, ninguém se manifesta”, ressaltou.

Foto: Jardy Lopes
O representante anunciou ainda que, no dia 4 de fevereiro, data de início das sessões na Câmara Municipal, os motoristas irão recepcionar os vereadores. “Vamos fazer um ato democrático na Câmara Municipal e cobrar daqueles que prometeram apoiar a categoria”, afirmou.
Por fim, comentou sobre as taxas cobradas pelas plataformas. “Atualmente, temos três serviços: a Uber chega a descontar 40% do valor das corridas; a 99 retém 28%; e a Maxime cobra 11% para motoristas que utilizam a camisa de identificação da empresa, ou 28% para aqueles que não usam o uniforme”, concluiu.