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Tião Bocalom não sabe fazer gol, mesmo jogando em casa

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Da redação ac24horas

O prefeito Tião Bocalom tem um mérito: ele não surpreende. Em um ambiente que se cobra “previsibilidade” dos administradores públicos, a postura até pode merecer ressalvas positivas por alguns entusiastas. Há, no entanto, algumas nuances que precisam ser destacadas porque têm interesse público. O que foi anunciado ontem (4) foi representativo e desautoriza qualquer cidadão de Rio Branco a alimentar boas expectativas.


A mudança no secretariado para o início do segundo mandato de Bocalom foi pontuada e periférica. Adepto ao dito popular “em time que se ganha não se mexe”, o prefeito entende que a população quer isso mesmo. Tem lógica e ele deixou essa linha de raciocínio consolidada durante coletiva de imprensa. “Se a população nos deu uma vitória de cinquenta e cinco por cento no primeiro turno, então mostra que a população estava contente com a gestão”, raciocinou, segundo declaração publicada pelo ac24horas.


O problema é que essa postura é um perigo para a administração pública. Persistir em erro por orgulho, por teimosia, vaidade, tendo como única referência o resultado das urnas, é um risco para quem está manejando dinheiro do povo.
Sob este aspecto, Bocalom continuou não surpreendendo ao colocar na Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos a versão de barranco do coaching Pablo Marçal, sensação das eleições paulistanas em 2023. A nomeação do rapaz que gravou um vídeo convocando a população a fiscalizar a Parada da Diversidade para tratar da política de Direitos Humanos é um gesto desnecessário de Bocalom.


É desnecessário porque as últimas eleições deixaram claro (quem quiser ter arrepios de alergia que tenha): Bocalom é, atualmente, uma das maiores lideranças políticas do Acre. O que quer o prefeito com essa nomeação? Reacender polêmicas baratas, excludentes e nada pedagógicas do que se convencionou chamar de “agenda de valores”?


A qual “oposição” Bocalom responde com essa nomeação? A Kamai e sua trupe? Quer fazer da gestão pública uma claque para os anseios eleitorais de 2026? Quer um instrumento para reforçar a retórica “cristã e conservadora”? A experiência e os escondidos cabelos brancos de Bocalom lhe desautorizam infantilidades como esta. Ninguém contesta a autoridade do prefeito. Ele nomeia quem ele quiser. Não é isto o que está em discussão.


O que está em debate é a condução séria e consequente de uma pasta exigente até de subjetividades, estranhas ao currículo do novo secretário. Do ponto de vista administrativo, o menino não deve surpreender: na falta de orçamento e política pública, vai sobrar vídeo “no Insta” . Direitos Humanos e Assistência Social são áreas que estão soando mal na agenda pública do Acre há bastante tempo.


Outro aspecto que merece destaque nas falas de Bocalom guarda relação com os “descontentes”. Ele usou a imagem do “choro do surubim” na tentativa de ironizar. Os “chorões” (é razoável supor) não estão no PCdoB, no PSB, no PT, no PCB, na Rede, PSol. Esses aí não têm mais nem lágrimas. É quase automática a imagem do prefeito apontando o lenço para o rumo do Progressistas. A vingança é mesmo servida em cuia fria.


Por falar em partido político, esse é outro ponto que merece destaque. O prefeito fala que não referencia as escolhas dele em função de partidos. Isso é uma fala que, no mínimo, atenta contra os fatos.


A Secretaria de Saúde de Rio Branco não é feudo do União Brasil? Até hoje, a saída do então secretário Eliatian Nogueira não foi explicada cifra por cifra; tim tim por tim tim. “O União Brasil é uma exceção porque havia um acordo com o Progresistas”. Ora ora, então é preciso ter mais cuidado com o que se fala. Os partidos A e B importam, sim. Sempre irão importar. Quem diz o contrário é tão verdadeiro quanto os que se elegem dizendo que são “apolíticos”, ou dizendo-se “técnicos”.


Uma indefinição inaceitável está relacionada à Secretaria de Educação de Rio Branco. Independente de qual desfecho se dê ao “fator Nabiha”, a professora já foi penalizada por ter feito o que, administrativamente, precisava ser cuidado. Nabiha Bestene já foi excluída. Foi posta de escanteio por não ter sido omissa. Pode até ser acomodada em algum cargo (certamente o será), mas não ter sido anunciada já nessa primeira leva delimita o que o alcaide entende ser prioridade na gestão. Fato: Educação não tem um titular. Isto é, política e simbolicamente, muito ruim.


No Bar do Vaz de sexta-feira (3), foi debatida a possibilidade de Bocalom criar a Secretaria da Mulher. Foi citada também a possibilidade de que a nova esposa do prefeito seja nomeada para responder pela pasta.


Bocalom parece fazer na administração pública aquilo que o mestre Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha, um dia falou a um repórter que o questionou sobre a saída de um colega jogador que deixara o Galo Mineiro para seguir para o Corinthians. “Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática”. Dadá ao menos fazia gols. E muitos.


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