Aos 17 anos, Gabby Dobbins, vive um sonho. A menina, nascida em Sena Madureira, se divide, nos últimos três meses, entre Milão e Paris, os dois maiores destinos da moda no mundo e vai consolidando uma carreira de sucesso como modelo internacional.
O convite para a Europa surgiu após Gabby se mudar com a mãe para São Paulo visando focar em sua carreira. A ascensão foi meteórica, com participações em edições da São Paulo Fashion Week e contratos com várias marcas importantes do país.
Apesar da correria dos últimos meses, Gabby está no Acre, onde veio matar a saudade da família e dos amigos. As férias vão ser curtas, já que a modelo embarca de volta para a Europa nos primeiros dias de janeiro. Na noite desta sexta-feira, 28, Gabby participou de um desfile em comemoração aos 21 anos da agência Top Model, que a descobriu em um concurso de Miss Piscina em Sena Madureira.
Esbanjando simpatia, a jovem modelo conversou com o ac24horas sobre o sucesso, os planos para o futuro e a saudade da família e das coisas do Acre.
“Nunca sonhei em ser modelo”
Apesar do sucesso internacional, com diversos trabalhos agendados na sua volta à Europa, Gabyy conta que nunca sonhou em ser modelo.
“Foi tudo inesperado, eu nunca sonhei com isso, nunca na minha vida eu pensei em virar modelo porque sempre fui uma criança muito tímida. Nem sabia o meu verdadeiro “eu”, me descobri modelo mesmo apenas quando assinei meu primeiro contrato de trabalho”.
“Nem sei explicar o que estou vivendo”
O sucesso na carreira de Gabby foi muito rápido. Em um período aproximado de pouco mais de dois anos, a jovem saiu de Sena Madureira e foi parar nas passarelas europeias. Ela conta que não tem palavras para explicar o que tem acontecido em sua vida.
“Não sei nem explicar os sentimentos, porque a ficha ainda nem caiu direito. Às vezes, agora que estou em Sena, fico pensando, meu Deus, dias atrás eu estava em Paris, agora estou aqui. Parece um sonho que nem é realidade”.
Girafa e Olívia Palito eram apelidos na escola
Além da beleza, a altura faz diferença para quem sonha com a vida de modelo. Gabby tem 1,81m. Se hoje, sua altura é uma aliada na profissão, ela conta, bem humorada, que “sofreu” na escola com os apelidos.
“Girafa e Olívia Palito era o que mais me chamavam. Eu era muito mais alta do que todo mundo, era uma zoação só, mas sempre foi tranquilo, sempre levei na esportiva”.
Moda não é só glamour
A modelo acreana tenta desmistificar para jovens que sonham com a carreira, a sensação de que a profissão é apenas glamour. As longas sessões de fotos, a cobrança por manter as medidas do corpo são alguns dos muitos desafios.
“É um desafio, não vou mentir, sempre falo para todo mundo que me pergunta, acho que para ser modelo tem que ter muito psicológico, principalmente se começa a modelar muito nova. É um desafio ficar até 16 horas em pé, em cima de um salto, esperando, tirando foto. Às vezes os clientes não estão satisfeitos e querem repetir o trabalho, a agência te cobra para manter as medidas, você tem que está sempre bonita. O cliente que te contrata não quer saber se você está bem ou não, ele quer que você entregue o trabalho, então, você pode está com um tumor no coração, mas tem que está bonita”.
“Não faço nada, só faço muito é comer”
Dona de uma beleza estonteante, Gabby surpreende ao dizer que não faz muito esforço e que é tranquila em relação aos cuidados com o corpo.
“Não posso mentir, não faço muito coisa, não tem esforço. Em relação ao corpo, não tenho nenhum hábito, gosto mesmo é de comer. O que ainda adoto é o cuidado com a pele, pois tenho muita espinha e, por isso, sempre ando com um creme”.
“Morro de saudade de açaí e tacacá”
Depois da mãe e dos amigos, Gabby conta que açaí e tacacá são as duas coisas que mais sente saudade do Acre.
“Nem me fale, desde que cheguei, tomo açaí todo dia, estou para “morrer” de tomar tacacá. Na França, eu tenho que admitir, que a comida é muito diferente daqui, nem se compara”.
Saudade de casa
Mesmo vivendo um sonho real, Gabby conta que não é fácil, aos 17 anos, se mudar para outro continente, conviver com pessoas de diferentes culturas, longe da mãe, que é sua companheira e maior incentivadora. Ela diz que, muitas vezes, o coração apertou de saudade de casa.
“Volto a dizer, não é só glamour, tem dias que dar um desespero, você chega cansada depois de um dia intenso de trabalho, em pé das seis da manhã às seis da noite, e só quer o colo da mãe. Muitas vezes, chego no apartamento e só queria uma comida quentinha de mãe e um abraço. Tem horas que penso, “como eu queria voltar para casa”. Claro, que é algo que passa diante de tudo que eu tenho vivido, não tenho palavras para expressar o que vivo hoje.
Sei que vivo um sonho de tantas meninas, não só do Acre, mas de todas as partes do país”.
Sucesso de Gabby inspira modelos acreanas
Como não poderia ser diferente, o sucesso da jovem de Sena Madureira faz com que outras modelos do Estado sonhem com a profissão.
Hillary Taila, 17 anos, é de Porto Acre, e fala que Gabby é uma inspiração. “É muito inspirador para gente, sempre se questionou muito se seria possível uma modelo do Acre fazer sucesso e a Gabby está provando que nossa beleza pode ultrapassar fronteiras”, diz.
Gabby foi descoberta por meio do olhar apurado de Sidney Lins durante um concurso em Sena Madureira. Dono de uma agência de modelos no Acre há mais de duas décadas, fala, orgulhoso, do sucesso da jovem. “Sei o quanto é difícil uma modelo sair do Estado e ver uma jovem de Sena Madureira levando o nome do Acre para o mundo, é muito gratificante”, diz.