Com a proximidade do Natal, comerciantes do centro de Rio Branco afirmam que a data comemorativa não tem gerado o mesmo fluxo de clientes em busca de presentes natalinos como em anos anteriores.
O ac24horas visitou o comércio central e ouviu reclamações de lojistas sobre a baixa procura de consumidores e a falta de apoio e incentivo do poder público. Carlos Monteiro, 57 anos, que atua no ramo de confecções há 22 anos, relatou que o movimento ainda está tímido. “Olha, nos anos anteriores, quando chegava dezembro, a gente trabalhava o ano inteiro esperando este mês, que era quando faturávamos um dinheiro extra para janeiro e fevereiro, meses de muitos impostos. Mas, agora, vejo que dezembro está cada vez mais fraco. Mesmo assim, ainda temos a expectativa de que o movimento melhore perto do Natal”, disse.
Carlos acredita que o fluxo de vendas pode melhorar, com a expectativa de alcançar um faturamento de até R$ 6 mil. “Os clientes vão aparecer, sim. Pode ser menos que antes, mas ainda vai dar uma injeção no comércio para enfrentarmos o próximo ano. A média é de R$ 5 mil a R$ 6 mil, mas, agora, não está dando isso, está bem abaixo. Esperamos que o governo comece a pagar os salários e que as pessoas venham comprar os presentes de Natal. Mesmo com os problemas no país e no estado, temos esperança. O povo vai vir, e a gente se prepara para isso, viajando para São Paulo, Goiânia, e comprando algo a mais para vender neste período”, comentou.
Uma pesquisa realizada pela Fecomércio Acre, com 201 consumidores e 108 empresários, revelou as principais tendências de consumo para o período natalino. O estudo apontou que “roupas” continuam sendo os presentes mais procurados, representando 45,1% das intenções de compra, seguidas de brinquedos (19,2%) e calçados (15,6%). A maioria dos consumidores planeja gastar até R$ 200,00 (68,5%), priorizando pagamentos à vista (66,1%).
Marcelo Souza, comerciante há 26 anos na região central de Rio Branco, lamenta a queda no movimento comercial e a falta de apoio do poder público. Segundo ele, a movimentação caiu cerca de 70%, e os problemas vão desde a ausência de incentivos governamentais até o aumento de moradores de rua na área, o que estaria afastando os clientes.
“É muito difícil, a gente não tem apoio nem do governo municipal, nem estadual. O calçadão da Padre Jago está abandonado, e a parte de trás está caindo. Além disso, a quantidade de moradores de rua e usuários de drogas aumentou muito, principalmente por conta do centro pop perto da Assembleia. Cada vez mais aparecem vândalos. Os clientes têm medo de andar pelo centro, e a gente se sente abandonado pelo poder público. Somos nós que geramos empregos, pagamos impostos, mas as condições de trabalho estão cada vez piores. Hoje, o fluxo no centro caiu cerca de 70%, e isso reflete diretamente na receita”, afirmou.
O comerciante também destacou que o centro pop, embora importante para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade, está contribuindo para problemas no comércio local. “Esse centro pop precisa ser realocado. Não se trata de parar de ajudar, porque essas pessoas precisam de assistência, mas aqui no centro, isso só aumenta os casos de arrombamentos, roubos e assaltos. É uma situação difícil”, concluiu.
Vendedora relata frustração com vendas baixas
Nataele Ferreira, vendedora há mais de quatro anos em uma loja de roupas íntimas no Calçadão, também relatou dificuldades no período natalino. Segundo ela, as vendas estão muito abaixo do esperado.
“As vendas estão bem fracas. Trabalhamos duro para chamar a atenção dos clientes, mas está difícil. A nossa esperança é que melhore agora, com a proximidade do Natal. Nos outros anos, as lojas já estavam cheias de vendedores ocupados com muitas vendas, mas, este ano, está tudo parado. A expectativa é que, na semana do Natal, as coisas melhorem, não só para a nossa loja, mas para todos os lojistas. Apesar disso, a gente pensa positivo e torce para que mais para frente as vendas aumentem”, disse.
A consumidora Isabelle de Mello esteve no Shopping Popular em busca de presentes para os filhos e o esposo, mas reclamou dos preços altos e da falta de descontos significativos. “Os produtos estão bons, mas os descontos são quase inexistentes. É difícil comprar para todos da família quando os preços estão tão altos. A gente pesquisa de loja em loja para economizar, mas acaba deixando alguém de fora da lista porque o dinheiro não dá. Este ano, as coisas estão bem mais caras do que no ano passado, principalmente as roupas e os produtos de Natal”, comentou.
Apesar das dificuldades relatadas, a cliente Everlande Lopes mantém uma expectativa positiva para o Natal. No entanto, ela criticou os preços elevados e sugeriu que os lojistas adotem promoções similares à Black Friday nesta época do ano.
“A expectativa é grande, porque o Natal é uma época especial, principalmente após o fim das restrições da pandemia. Mas os preços estão muito altos, o que dificulta comprar presentes para as crianças e familiares. Os comerciantes poderiam aproveitar o Natal para fazer promoções e atrair mais clientes. Uma Black Friday nessa época seria uma ótima ideia. Apesar disso, a gente ainda se esforça para dar pelo menos uma lembrancinha, mesmo que seja algo pequeno”, opinou.