O secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, concedeu nesta quarta-feira, 18, uma entrevista ao jornalista Roberto Vaz, no Bar do Vaz, exibido pelo ac24horas, para discutir os avanços e desafios da educação no Acre, abordando temas como investimentos na rede de ensino, valorização dos professores e os planos para o próximo ano letivo.
Aberson Carvalho destacou que a estrutura da Secretaria de Educação é comparável, em complexidade, ao funcionamento de uma prefeitura, mas com alcance ainda maior. “Temos um orçamento equivalente ao da Prefeitura de Rio Branco, mas com o desafio descentralizado em todos os municípios. Muitas vezes, onde você imagina que não há o poder do Estado, está lá um professor em uma comunidade”, explicou.
O secretário ressaltou que, para levar educação a todos os cantos do Acre, há casos em que professores precisam viajar por dois ou três dias para alcançar seus alunos. Além disso, a tecnologia tem sido uma aliada, com o uso de teleaulas e o Centro de Estudos de Mídias, descrito como um estúdio de ponta que grava e transmite aulas ao vivo e gravadas para alcançar regiões de difícil acesso.
Ao abordar a alfabetização, especialmente de jovens e adultos, Carvalho definiu o processo como “mágico” e transformador. Segundo o gestor, em 2023, cerca de 3 mil estudantes participaram do programa de alfabetização, enquanto neste ano, a expectativa é que o número chegue a 5 mil. “Uma pessoa que não sabe ler e escrever enxerga o mundo em preto e branco. Quando você alfabetiza, é como se ela começasse a ver as cores do mundo”, afirmou Aberson.
Entre os avanços citados, o Programa de Alimentação Escolar e o fortalecimento da agricultura familiar chamaram atenção. A política do “prato extra”, defendida pelo governador Gladson Cameli desde o início de sua gestão, beneficia diariamente 140 mil estudantes da rede estadual. Com investimentos anuais de cerca de R$ 84 milhões, sendo R$ 14 milhões do governo federal e o restante do estado. “É uma comida de qualidade. Acompanhamos de perto e cobramos dos fornecedores. Nosso compromisso é garantir a melhor alimentação possível para os alunos”, destacou o secretário.
O secretário aproveitou para comentar as críticas sobre a ausência de grandes obras no Governo Gladson Cameli, que foram rebatidas com exemplos como a duplicação da AC-405, que conecta Cruzeiro do Sul a Mâncio Lima. “O governo Gladson é um governo de gente, para cuidar de gente. A prioridade dele é o ser humano, e isso ele demonstra em cada ação”, afirmou o secretário.
Em uma conversa franca sobre o futuro da educação no Acre, Aberson Carvalho, Secretário de Educação, compartilhou os planos para 2025, destacando os avanços já conquistados e os desafios que ainda precisam ser superados. “Eu ainda tenho alguns sonhos de melhoria na educação”, afirmou Aberson, ressaltando que, apesar do progresso, a luta pela qualidade do ensino está longe de ser concluída. Segundo ele, o estado obteve um avanço significativo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), com resultados superiores aos de 2021 e até 2019, antes da pandemia. “Nós estamos com IDEB já melhor do que 2021. Já em comparação a 2019, a gente tem IDEB ainda maior do que o que foi publicado antes da pandemia”, disse.
Aberson explicou que o IDEB é composto por dois eixos: a avaliação da prova SAEB e o fluxo escolar, que envolve a evasão e a repetência. “Quando eu falo só na prova, por incrível que pareça, e aqui é importante anunciar isso, falar sobre isso, quando eu estou falando só da avaliação da prova, que é o conhecimento, o Acre é primeiro em todas as etapas de ensino do Norte”, afirmou. Segundo o gestor, o desempenho dos alunos acreanos nas provas é reflexo do trabalho realizado pelos professores, que se empenharam durante a pandemia, quando a educação enfrentava enormes desafios. “Os nossos professores fizeram um trabalho magnífico de recomposição de aprendizagem. Durante a pandemia, a gente não conseguiu manter a escola como era. Nós tivemos que só manter viva. Então, houve sequelas. Mas essas avaliações estão demonstrando que a gente pode e fez e está acontecendo”, ressaltou.
Segundo o gestor, em 2025 o Estado deve apresentar uma melhora nas notas em relação ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). “Eu não tenho dúvida, Roberto, que vamos sair ainda melhor do que estivemos até agora. A educação é uma preocupação de todos. Os professores têm muita preocupação com o IDEB”, explicou. Para Aberson, o IDEB é um parâmetro, mas não deve ser visto como o único critério de qualidade. “O IDEB, para mim, é um parâmetro somente. Eu vi muito aluno passando sem saber. Tem que reprovar, não sabe, reprova”, afirmou.
Durante a entrevista, o secretário comentou sobre a política educacional de governos anteriores que, no passado, a falta de escolas suficientes fazia com que os alunos fossem promovidos sem a devida preparação. “Nós não tínhamos escola suficiente na época do FHC, Roberto. Então, você não podia segurar aluno, retardar aluno, porque ele tinha um monte de gente precisando de vaga. O que não é realidade hoje. Hoje, na realidade, a gente tem escola para todos os estudantes. E hoje, a gente precisa exigir a qualidade, que esse aluno domine o conhecimento”, afirmou.
Durante uma entrevista, o secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, defendeu a reprovação de alunos como uma medida necessária para garantir a qualidade do ensino, mesmo sabendo que isso pode impactar negativamente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). “O IDEB vai ser mais baixo, porque você reprovou mais. Mas, quando eu for olhar lá no Enem, eu vou ter maior aprovação. Porque, para mim, o espelho é o Enem. Não adianta eu estudar, concluir o ensino médio, chegar lá no Enem e não passar. E o problema fica mais grave, cada vez que você avança sem aprender, mais dificuldade você vai ter. Então, assim, para mim é muito claro. Não sabe, não adquiriu as competências e habilidades? Vamos fazer lá. Voltar de novo para o banco da escola. Vamos estudar novamente”, afirmou.
O secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, comentou sobre a recente situação envolvendo o concurso da educação e a necessidade de cancelamento das provas ocorridas no início do mês. “O grande problema foi numa escola. Foi tão grave que contaminou todo o processo. Criou ilações, criou várias situações, várias denúncias, que não havia outra decisão a não ser cancelar”, explicou o secretário.
De acordo com Carvalho, a empresa responsável pelo concurso assumiu o compromisso de reaplicar 100% das provas, tanto pela manhã quanto à tarde, sem custo adicional. “Eles assumiram o compromisso de reaplicar 100% das provas, manhã e tarde. Sem custo adicional”, pontuou.
O concurso, considerado o maior da história do Acre, com 52 mil inscritos e 3 mil vagas, não poderia ser prejudicado por suspeitas de fraude. Aberson Carvalho destacou que o objetivo é garantir que o processo aconteça de maneira transparente e com lisura. “Querendo ou não, o maior concurso da história do Acre, com 3 mil vagas, 52 mil pessoas inscritas, não pode ser maculado por qualquer suspeita. Não iríamos permitir nunca”, destacou.
Em relação à nova data para as provas, marcada para 6 de abril, o secretário explicou que o intervalo entre a aplicação original e a nova data é necessário para garantir a organização e a transparência do processo. “Alguns estão perguntando por que tanto tempo. Porque agora não adianta ter pressa. O que nós temos que fazer é um concurso com lisura e transparência que garanta direito a todos”, afirmou o secretário.
Ao final da entrevista, o secretário de Educação, Aberson Carvalho, abordou as perspectivas para o ano letivo de 2025 e a crescente importância da tecnologia na educação. Carvalho afirmou que a abertura do ano escolar está programada para o dia 10 de outubro de 2025, embora fatores climáticos, como alagamentos, possam afetar o cronograma. “Nós vamos ter um ano letivo na abertura, está programado para o dia 10 de outubro. Se não tiver alagação, que também a gente tem esse fenômeno acontecendo, as mudanças climáticas trouxeram realidades tão distintas, então a gente não tem tanta previsibilidade”, explicou o secretário.
O secretário destacou que o ano letivo será marcado pela entrega de fardamento, material escolar e até tablets para o ensino médio, com o intuito de integrar a tecnologia ao processo de aprendizagem. “Nós vamos voltar entregando fardamento, entregando material escolar, entregando para o ensino médio tablet para a internet. Porque entendemos que a tecnologia, Roberto, ela é complementar. Não dá para achar que a escola é do passado. A escola do presente tem a tecnologia presente”, destacou.
Na reta final da entrevista, Carvalho comentou sobre a utilização de celulares em sala de aula. Atualmente, tramita no Congresso um projeto que busca proibir o uso do aparelho eletrônico dentro das dependências da escola. “Em partes. Eu acho que nós devemos estabelecer, não só para a escola, mas nós devemos estabelecer para a vida a cultura diferenciada do uso do celular. O celular não pode ser o seu norte. O celular é um auxiliar. Como que eu vou abandonar um instrumento desse que eu tenho o mundo nas mãos?”, perguntou ele, defendendo a utilização dos dispositivos tecnológicos para o benefício do aprendizado.
Por fim, o secretário deixou claro que, embora seja necessário regular o uso dos celulares, ele acredita que vetá-los completamente nas escolas seria um erro. “Óbvio que não dá para o telefone tocar no meio de uma sala de aula. Mas dizer que ele deve ser vetado e não levar nem para a escola, como alguns defendem, eu acho que não é por aí. Eu acho que tudo que é de extremo é veneno”, concluiu Aberson Carvalho.
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