O ambientalista Chico Mendes, símbolo da luta pela preservação da Amazônia e pelos direitos dos povos da floresta, completaria 80 anos neste domingo, 15 de dezembro. Mendes foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, uma semana após seu aniversário de 44 anos, nos fundos de sua casa, em Xapuri, no Acre, município que foi palco de sua trajetória como sindicalista e ativista.
Ângela Mendes, sua filha, reflete sobre o legado de seu pai e acredita que, se estivesse vivo, ele veria uma Amazônia mais preservada. “Ele liderou processos ousados para a época, com ideias transformadoras. Acredito que hoje a Amazônia seria um lugar um pouco melhor para se viver”, declarou.
Nascido no seringal Porto Rico, Chico Mendes teve uma infância de trabalho duro e poucas oportunidades, chegando a sofrer condições análogas à escravidão. Foi alfabetizado aos 16 anos por Euclides Távora, um refugiado político, o que abriu caminho para sua atuação como líder. Mendes foi pioneiro em usar estratégias como os “empates” — manifestações pacíficas que mobilizavam trabalhadores para impedir o desmatamento — e na criação de iniciativas como a Aliança dos Povos da Floresta e o conceito de reservas extrativistas.
Para Ângela, as reservas extrativistas representam o cuidado com a floresta aliado ao modo de vida tradicional. “Esses territórios mostram como as populações tradicionais têm uma relação de harmonia com o ambiente, sendo seus guardiões”, afirmou.
O ambientalista deixou um forte legado, como a chegada de escolas nos seringais por meio do Projeto Seringueiro, com metodologia inspirada nas ideias de Paulo Freire. Essas iniciativas foram fundamentais para o desenvolvimento da educação na região. Ângela Mendes destaca o impacto do pai sobre aqueles que o conheciam: “Ele era profundamente carismático, confiável e fraterno, sempre disposto a dividir o que tinha com os companheiros.”
Gumercindo Rodrigues, amigo de Chico, lamenta sua partida precoce. Para ele, Mendes era um porta-voz eficiente e determinado, que unia pessoas em defesa da floresta. Ele também aponta para a necessidade de políticas de desmatamento zero e punições efetivas para aqueles que degradam o meio ambiente. “A melhor punição seria reparar o dano: desmatou mil hectares, replantar dois mil de espécies nativas”, sugere.
Ângela conclui enfatizando a importância de cuidar do legado de Chico Mendes, com atenção especial à juventude dos territórios tradicionais. “Precisamos garantir políticas públicas que mantenham os jovens no seu território, protegendo o ambiente e assegurando seu bem-estar.”
Com informações da Agência Brasil.
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