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É hora de promover a ATER

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Valterlucio Campelo

Comemoramos nesta última quinta a sexta-feira, o dia do extensionista rural, um profissional bastante característico, um agente de educação conforme os termos da Lei, cujo trabalho consiste basicamente em levar aos agricultores, especialmente os pequenos, informações técnicas e de organização da propriedade, projetos de financiamento, inovações na exploração, usos dos recursos locais, integração da mulher e dos jovens ao sistema de produção… enfim, auxiliar as famílias e comunidades rurais a alcançarem produtividade e renda agrícola compatíveis com uma vida digna. Por tudo isso e muito mais, o extensionista, como denomina-se genericamente este profissional, teve na SEAGRI/EMATER-AC um encontro estadual de alinhamento e comemoração. 


Apesar da importância desses profissionais na contínua transformação do campo, e dos esforços realizados por dirigentes e corpo funcional da EMATER-AC, é preciso reconhecer que a manter-se a tendência atual, em breve a Empresa será extinta. A conta é simples. Sem concurso há mais de trinta anos, seus técnicos mais jovens já beiram os 60 anos de idade, alguns se aposentaram e continuam trabalhando assim mesmo e outros já faleceram, ou seja, sem reposição, a chamada ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural no Acre tem os dias contados.


Interessante notar que em todos os discursos políticos relacionados ao desenvolvimento rural, do Presidente da República ao vereador de Santa Rosa do Purus, as palavrinhas mágicas (assistência técnica e extensão rural) são obrigatórias. Do mesmo modo, entre os profissionais da área, de operadores bancários às unidades de pesquisa ou do ensino. É consenso que sem ATER, não se pode pensar em uma agricultura eficiente, poupadora de terra, diversa, organizada etc. Dizer isso é de uma obviedade que salta aos olhos. Tá, mas e daí? Cadê os recursos para contratação e capacitação de técnicos, aparelhamento e modernização das atividades etc.? Ninguém sabe, ninguém viu. As doces palavras nunca acertam as planilhas dos orçamentos. Nunca há recursos, a ATER nunca é prioridade e, assim, essa função pública, embora indispensável nas condições acreanas, vai murchando.


A ATER na Amazônia vai além da simples transferência de tecnologias agrícolas. Ela envolve um processo de diálogo e construção conjunta de conhecimentos, visando fortalecer as capacidades dos agricultores familiares e adaptá-las às especificidades locais. Ao oferecer orientação técnica especializada, os extensionistas rurais contribuem para o aumento da produtividade, a diversificação das culturas e a melhoria da qualidade de vida das populações.


Assim, por cima, sem maiores pretensões, posto que este é apenas um artigo de opinião, posso mencionar ao menos o seguinte:


  1. Ao oferecer tecnologias adequadas e assistência técnica especializada, a ATER permite que os agricultores aumentem a produção e a qualidade de seus produtos, gerando assim uma renda mais justa e garantindo a segurança alimentar das famílias.

  2. A promoção de práticas agrícolas sustentáveis, atribuição da ATER contribui para a conservação da biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos, e a proteção dos recursos hídricos.
  3. A ATER pode auxiliar os agricultores a se organizarem em cooperativas e associações, facilitando o acesso a mercados, tecnologias e políticas públicas.

  4. Ao fortalecer a agricultura familiar, a ATER contribui para o desenvolvimento econômico e social das comunidades rurais, gerando empregos e renda e melhorando a qualidade de vida da população.

  5. Por introduzir novas tecnologias, a ATER promove saltos importantíssimos de produtividade, gerando efeitos demonstrativos que arrastam todo o setor no médio prazo.

É bastante razoável afirmar que a Assistência Técnica e Extensão Rural é um investimento estratégico para o desenvolvimento sustentável em regiões de baixo nível tecnológico como a Amazônia. Ao fortalecer a agricultura familiar, promover práticas agrícolas sustentáveis e contribuir para a conservação dos recursos naturais, a ATER contribui para a construção de um futuro mais adequado e justo para as populações da região.


Então, que este momento em que os ajustes orçamentários estão sendo feitos, seja uma ocasião para promover a ATER ao nível de importância que dela se exige no campo. Anotem. Não haverá transição para uma agropecuária desenvolvida sem um robusto aporte tecnológico e, por conseguinte, sem uma ATER pujante, renovada, fortalecida e presente em todo o território, o que autoriza vaticinar: Ou se restaura a ATER em níveis adequados de pessoal e material, ou esqueçam o propalado desenvolvimento rural sustentável. 


*Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites. 


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