Então o Serginho Chaves (irmão do vetusto jornalista acreano Sued Chaves) foi morar na casa de seu amigo Alberto Furtado. Os dois são amigos de faz é tempo. Enquanto o Serginho ainda usava calças pequenas, Alberto já caminhava de paletó, sob o sol quente, amazônico de Rio Branco, a capital do estado mais com vontade de ser brasileiro desta Nação, o Acre. Acontece que o Serginho cresceu e foi indo no rumo da vida e ganhou e perdeu coisas neste caminho, inclusive um lugar onde morar.
Alberto, que também perdeu muitas coisas em sua bela vivência da vida, inclusive a visão, agora ganhara a companhia do Sérgio, amigo dileto e comprometido em nada de bom deixar faltar para o seu anfitrião. Em seu bem querer, sendo exímio cozinheiro, sempre fazia algo delicioso pro almoço e cuidava junto à “criadagem” para que tudo estivesse ao gosto daquele a quem mantinha admirável apreço e profunda gratidão.
Neste procedimento, por vezes exagerado, Serginho cometeu algumas gafes, próprias de quem é de boa índole, mas ao mesmo tempo também é destrambelhado. Dentre inúmeras faltas de tino e prestação de atenção, o, digamos assim, com todo o carinho e respeito que lhe é devido – longe de eu criticá-lo ou sequer admoesta-lo – amigo de Alberto, em toda sua atitude preservacionista, precipitadamente agiu como um belo exemplar de abestado.
Na primeira noite que dormiu, ou tentou dormir – Diga-se de passagem – na casa de Alberto, com sua peculiar falta de sono, Serginho vai até a cozinha, no intuito de fazer aquele vicioso assalto à geladeira. A casa, às escuras, mantinha uma luz no fim do corredor, que se escorria de lá do quarto do dono casa, cuja porta mantinha-se deliberadamente aberta. Curioso, um tanto quanto apreensivo, Serginho esgueirou-se até o aposento.
O velho homem dormia e roncava sobremaneira. Tranquilamente sonhava seus sonhos que Deus lhe permitia. O Serginho, ainda assim foi lá e recobriu o amigo, com cuidado para não atrapalhar o descanso daquele a quem tanto devia. Verificou a tranca da janela que dava para o quintal matagalhado, porém guardado por cão de excelente mandíbula e primorosa arcada dental. Olhou mais uma vez para o adormecido, apagou a luz e saiu.
Ao deitar-se, em sua dificuldade de cair no sono, Serginho conversou com seus próprios pensamentos, um tanto quanto atrofiados. “Mas pra quê que um cego quer a luz acesa? Ele num enxerga nada! Vai ler um livro? Que coisa mais esquisita! Eu, hein!”. O dia raiou e os acontecimentos da primeira noite na casa do deficiente visual dissiparam-se, porém fixaram-se na lembrança do assombrado Serginho.
Alberto surge carrancudo, tateando seu caminho, com a bengala, até a mesa do café da manhã que Serginho havia preparado, cuidadosamente com suco de laranja, ovos fritos na manteiga, cuscuz, tapioca e café com leite. Ajudando seu amigo a encontrar o assento, Serginho percebeu uma certa malevolência no dono da casa, que apresentava várias brotoejas na face e nos braços. Serginho perguntou a pouca voz: “Dormiu bem, Alberto?”.
A resposta foi esclarecedora:
– Mano velho, eu sei que você apagou a luz do meu quarto, essa noite. Por favor, em nome de Jesus! Nunca mais faça isso, seu abestalhado! Sei que você teve cuidado com a minha pessoa, mas saiba, e nunca esqueça disto, que eu vivo aqui e assim como você sabe, conforme a minha condição eu sei o que me convém. Por conta de tu ter apagado a porra da luz as porras das carapanãs desceram pra cima de mim e só pararam de me pinicar quando o sol nasceu.
Para cereja do bolo, só falta Bocalom construir, ali pelas imediações, o tal do estacionamento…
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