O acordo entre Mercosul e União Europeia, anunciado nesta sexta-feira, 6, pode gerar um aumento imediato de mais de US$ 7 bilhões nas exportações do Brasil, avaliou a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em nota. O cálculo foi realizado pela inteligência de mercado da ApexBrasil.
“Estimamos um aumento de mais US$ 7 bilhões em exportações do Brasil para o bloco europeu no curto prazo. Os 242 produtos que serão desagravados imediatamente (assim que o acordo entrar em vigor) ou em 4 anos representam hoje US$ 3,5 bilhões e 3,2% das importações europeias selecionadas. Se alcançarmos 10% de participação, o que é viável, estamos falando em US$ 7 bilhões em curtíssimo prazo”, comentou, na nota, o gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, Igor Celeste.
A agência classifica o acordo como um passo estratégico para as exportações brasileiras, com a eliminação gradual de tarifas sobre 97% dos bens industriais e 77% dos bens agrícolas exportados ao bloco europeu. “O Brasil poderá aproveitar as mais de 1.800 oportunidades de curto prazo para o bloco que a ApexBrasil mapeou, com destaque para uma ampla gama de produtos, como café, milho, suco de laranja, mel natural, aviões, calçados, móveis de madeira, entre muitos outros”, afirmou o presidente da agência, Jorge Viana.
Entre 2003 e 2023, a participação da União Europeia nas exportações brasileiras caiu de 23% para 13,6%, afetada pelo aumento das relações comerciais com a Ásia, especialmente com a China. O novo pacto busca reverter essa tendência, diversificando a pauta exportadora e aumentando o valor agregado dos produtos brasileiros, destacou a ApexBrasil.
Além de impulsionar o comércio, o acordo pode revitalizar os investimentos estrangeiros diretos (IED) europeus no Brasil, que somaram US$ 497 bilhões em 2023, apesar de sua participação relativa ter caído de 49% para 38% nos últimos quatro anos, segundo a agência. A União Europeia permanece como a principal origem de IED no País, com potencial de crescimento na esteira do pacto comercial.
Para entrar em vigor, porém, ainda há um caminho relativamente longo. O tratado precisa passar por uma revisão legal, ser traduzido em todas as línguas dos países que compõem a União Europeia, e depois ser aprovado no Parlamento Europeu e nos congressos de todos os países, tanto do Mercosul quanto da UE.